Volodymyr Zelensky exortou a comunidade internacional a uma “reação dura” contra a Rússia, na sequência de um ataque com dois mísseis balísticos na cidade ucraniana de Sumy, no nordeste do país, que provocou mais de 30 mortes e 80 feridos, de acordo com as autoridades. Vídeos e fotografias partilhados pela Ucrânia mostram o grau de destruição e o pânico das pessoas numa das artérias da cidade, no meio de cadáveres, autocarros e carros em chamas, árvores caídas e prédios danificados. “Só canalhas podem agir assim, tirando a vida a pessoas comuns”, escreveu o presidente ucraniano nas redes sociais, reafirmando que a Rússia tem de ser tratada “como terrorista”.
Perante as evidências, os Estados Unidos da América, que têm evitado criticar a Rússia desde que Donald Trump regressou à Casa Branca, foram dos primeiros a apontar o dedo a Moscovo. “O ataque de hoje, Domingo de Ramos, a alvos civis em Sumy, levado a cabo pelas forças russas, ultrapassa todos os limites da decência”, escreveu na rede social X Keith Kellogg, o enviado especial de Trump à Ucrânia e à Rússia. “Como antigo líder militar, percebo de alvos e isto é errado. É por isto que o Presidente Trump está a trabalhar muito para acabar esta guerra”, acrescentou o general na reserva.
O ataque surge menos de 48 horas depois do encontro em São Petersburgo entre Vladimir Putin e Steve Witkoff, representante de Donald Trump, que dera conta da frustração do presidente americano em virtude do impasse nas negociações de um cessar-fogo, que já o levara a ameaçar publicamente a Rússia com novas sanções.
“A Rússia quer exatamente este tipo de terror e está a arrastar a guerra”, reiterou Zelensky, após a violenta manhã deste domingo em Sumy, à hora da missa. “Sem pressão sobre o agressor, a paz é impossível. Conversações nunca pararam os mísseis balísticos nem os bombardeamentos aéreos”, lamentou o líder ucraniano, que há muito insiste que só a lei da força pode travar Putin.
Pelo menos 34 pessoas morreram no ataque de hoje a Sumy, duas crianças. Entre os mais de 100 feridos, há outras 15 atingidas. “Toda a gente sabe: esta guerra foi iniciada apenas pela Rússia. E, hoje, é evidente que apenas a Rússia escolhe continuá-la – em flagrante desrespeito por vidas humanas, pelo direito internacional e os esforços diplomáticos do Presidente Trump”, escreveu o francês Emmanuel Macron no X, sublinhando que “são necessárias medidas fortes para impor um cessar-fogo à Rússia”.
Keir Starmer, primeiro-ministro britânico, confessou-se “horrorizado” com os acontecimentos desta manhã e exigiu a Putin nada menos do que um “total e imediato cessar-fogo sem condições”, uma vez que Zelenski já deu provas de aceitar esse compromisso.
Também Portugal já deixou clara a sua posição, numa publicação partilhada pelo gabinete de Paulo Rangel, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, na qual “insta a Federação Russa a abster-se de todas as hostilidades e a aceitar o cessar-fogo já aceite pela Ucrânia”.