“A última coisa que podemos fazer, que nenhum de nós tem direito a fazer, é frustrar as expectativas que agora foram criadas. Foram criadas, agora temos de as honrar”, declarou o primeiro-ministro à chegada ao Conselho Europeu, em Bruxelas, que hoje é palco de uma cimeira com a participação do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Além de previsivelmente aproveitar esta oportunidade para pedir mais apoio militar aos 27 para fazer face à ofensiva russa, Zelensky deverá reiterar o pedido para que as negociações formais para a adesão da Ucrânia tenham início ainda este ano, mesmo com o seu país em guerra.
Segundo António Costa, não é só a Ucrânia, mas também o conjunto da União Europeia que se deve preparar para uma adesão que vê agora como um compromisso que tem de ser honrado, mas que acarreta muitas implicações.
“É cada vez mais urgente que a União Europeia faça a reflexão não tanto sobre se a Ucrânia está a cumprir os critérios de adesão, mas se a UE está a preparar-se adequadamente para essa adesão, porque a pior coisa que podíamos fazer era criarmos agora grandes expectativas sobre o futuro europeu da Ucrânia e que fossem enormes frustrações a prazo”, sublinhou.
O primeiro-ministro reforçou que, “se é essencial que a Ucrânia preencha os requisitos para poder aderir, há um outro passo que é tão ou mais importante, que é a UE preparar-se ela própria para o que significa acolher um país da dimensão da Ucrânia”.
“E seguramente que esse alargamento à Ucrânia implicará necessariamente o alargamento a um conjunto de outros países, designadamente dos Balcãs Ocidentais. E, portanto, isso exige, para que tudo corra bem e não acabe numa enorme frustração para os países candidatos, que a UE se prepara do ponto de visa da sua arquitetura institucional e da sua capacidade orçamental para que esses processos sejam processos de sucesso e não uma frustração coletiva para todos nós”, declarou.
Questionado sobre se é realista o cenário de abertura de negociações a breve prazo com a Ucrânia, país ao qual a UE decidiu atribuir o estatuto de país candidato em junho de 2022, já em plena guerra, António Costa apontou que “essa avaliação só a Comissão Europeia pode fazer”, mas insistiu que “é claro que a UE criou entretanto um nível de expectativas relativamente ao futuro europeu da Ucrânia que neste momento não é possível frustrar”.
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