“Às 5:03h da manhã ouvimos uma explosão”, começa por contar Natália, uma das residentes da cidade de Kiev, que foi atacada esta madrugada pelo exército russo. A primeira a aperceber-se do que se passava foi “uma vizinha solteira com um cão do nono andar. Foi a primeira a chamar os bombeiros”, relata ao fotógrafo Dima Kornilov, que está no terreno.
A residente conta, assustada, que tiveram de ser evacuados. A mulher do nono andar, assim como o seu cão, foram retirados pelo telhado e depois pelo lote ao lado. “Os socorristas tiraram-lhe o cão dos seus braços”.
O sentimento é semelhante à destruição: assustador e avassalador. Natália, assim como os outros cidadãos da cidade não sabem o que fazer: “Estou assustada, muito assustada. Tenho um filho de 11 anos e não temos para onde ir”, lamenta. Mas, avança: “Toda a esperança está nos nossos homens, os defensores”.
Os combates continuam aos arredores de Kiev. Os diversos ataques aéreos soaram em cidades e vilas de todo o país durante a noite, desde perto da fronteira russa, no leste, até à cordilheira dos Cárpatos, no oeste.
Dima Kornilov, é um fotógrafo ucraniano, de 40 anos, que vive em Portugal há quase oito, mas viajou para Kiev dias antes de começar a guerra. Antes, Kornilov já tinha feito a cobertura, para a VISÃO, das manifestações que, no início de 2014, levaram à queda do regime pró-russo.
A guerra na Ucrânia, que entrou esta segunda-feira no 19.º dia, provocou milhares de mortos e feridos, mas o número preciso está ainda por determinar. As informações sobre baixas militares e civis indicadas por cada uma das partes carecem de verificação independente.
A ONU contabilizou cerca de 600 civis mortos e mais de mil feridos até ao fim de semana, mas alertou que o número deverá ser substancialmente superior.
Mais de 2,5 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia para países vizinhos desde o início da guerra, naquela que já é considerada a prior crise do género na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-45).