Donald Trump chega pela segunda vez à Casa Branca, num registo entre o ovni político e o cowboy e sabemos uma coisa: há método na loucura. O pior que se pode fazer é subestimá-lo. Ele encarna a voz mais poderosa de uma revolução populista que quer governar o mundo. A sua ambição está expressa no livro de Kevin Roberts, prefaciado pelo vice-presidente JD Vance: Dawn’s Early Light, Taking Back Washington. O autor é o presidente da Heritage Foundation, o think tank conservador que criou o projeto 2025, um plano de grande envergadura para remodelar o governo americano. Como diz o autor, trata-se de realizar a “segunda revolução americana”, cujo desígnio fundamental é acabar com o “Estado Profundo”. Isto é, substituir a elite burocrática e financeira que domina a vida política americana desde os anos 80 por uma nova elite populista emanada do movimento MAGA de Trump.
Esta revolução de Trump tem duas grandes forças motrizes. A primeira é o neonacionalismo e o populismo, que utiliza como recurso sistemático o apelo ao povo e fórmulas simplistas para atacar o sistema e as instituições democráticas, acusadas de não resolverem os problemas das pessoas. O segundo é o que podemos chamar o complexo financeiro-industrial-tecnológico, que reúne à volta de Trump três setores cruciais da economia americana: as grandes empresas tecnológicas (Big Tech), petrolíferas (Big Oil) e financeiras (Big Money).