Acusado de comandar um império de crimes sexuais, Sean “Diddy” Combs, de 54 anos, foi detido em Nova Iorque a 16 de setembro. No processo criminal – de 14 páginas –, citado pelo jornal New York Times, o nome do produtor muscial surge associado a uma longa lista de crimes incluindo fogo posto, rapto, tráfico sexual, obstrução à justiça, suborno e transporte de mulheres entre estados com o intuito de prostituição nas festas organizadas pelo rapper – as “freak-offs” – que envolviam uma elevada quantidade de drogas e sexo.
O caso, que está a chocar os Estados Unidos, espoletou uma grande discussão pelas redes sociais, com várias pessoas, nas últimas semanas, a partilharem diversas teorias e especulações sobre o possível envolvimento de Combs noutros crimes ao longo dos anos.
Uma das teorias envolve a morte do rapper Tupac Shakur, a 13 de setembro de 1996. Tupac – conhecido pelos nomes artísticos 2Pac ou apenas Pac – foi um rapper e músico norte-americano, considerado um dos mais importantes rappers na história do Hip-Hop.
Shakur morreu aos 25 anos, após ser baleado quatro vezes, enquanto circulava de carro por Las Vegas, no estado do Nevada, acabando por vir a falecer dias depois numa unidade hospitalar. O seu assassinato, que permanece por resolver, gerou especulações durante anos sobre os motivos e autores do crime.
A teoria de que Combs estaria envolvido no tiroteio que vitimou Tupac já não é nova. Contudo, e segundo a revista norte-americana Rolling Stone, os familiares de Tupac contrataram recentemente uma equipa de advogados, liderada por Alex Spiro, para investigar o alegado envolvido de Combs no assassinato de Tupac, 28 anos depois da sua morte. Spiro é um dos principais advogados de Hollywood, representando nomes como Megan Thee Stallion, Jay-Z e Elon Musk.
Em 2023, o caso já tinha sido reaberto pela polícia de Las Vegas que deteve Duane “Keffe D” Davis, um ex-membro do gangue Compton Crips, pelo homicídio do artista. Davis – cujo julgamento que terá início em março de 2025 – já tinha afirmado que Diddy lhe tinha oferecido “um milhão de dólares por um golpe contra Shakur”, o que equivale a 910 mil euros. Desde então que voltaram a surgir rumores sobre a possível ligação do produtor musical e a morte de Tupac.
Em 2008, após um artigo do Los Angeles Times que associava o produtor à morte do rapper, Diddy negou veementemente qualquer envolvimento na morte do rapper afirmando que a história não passava de “uma mentira”. “É ridículo e completamente falso. Nem (o falecido rapper Notorious B.I.G.), nem eu tínhamos conhecimento de qualquer ataque antes, durante ou depois de acontecer. Estou chocado que o Los Angeles Times seja tão irresponsável a ponto de publicar uma história completamente falsa”, reagiu na altura.
Mais 120 novas acusações
Detido desde 16 de setembro no Centro de Detenção Metropolitano de Brooklyn, em Nova Iorque, Sean Combs afirma ser inocente de todas as acusações, mas o pedido de fiança foi-lhe negado pelo juiz Andrew L. Carter Jr. que se mostrou preocupado com a possibilidade de obstrução à justiça, através da manipulação de testemunhas.
Na semana passada, a 1 de outubro, mais 120 pessoas acusaram o rapper de agressão sexual, incluindo 25 menores à altura dos acontecimentos – no qual se encontra uma criança de 9 anos. A lista, divulgada pelo advogado Tony Buzzbee, que irá liderar a defesa das vítimas, inclui tanto homens como mulheres entre os 9 aos 38 anos.
Segundo a firma de advogado de Bizzbee, desde a detenção de Combs já foram feitas “mais de 3.285” denúncias sobre Diddy. “O maior segredo da indústria do entretenimento, que não era de todo um segredo, foi finalmente revelado ao mundo. O muro do silêncio foi agora quebrado e as vítimas estão a avançar”, referiu Buzzbee, citado pela agência France-Presse.
Algumas das vítimas eram menores no decorrer dos acontecimentos. É o caso de um menino, na altura com 9 anos, que procurava um contrato com a editora de Combs, Bad Boy Records. Também uma adolescente, com 15 anos na época da agressão sexual, afirma ter sido drogada e violada pelo rapper e por “outras pessoas, à vez”.
Os advogados acreditam que existem mais nomes conhecidos pelo público envolvidos nas “freak-offs” de Combs. “Vai chegar o dia em que vamos dar outros nomes além de Sean Combs, e há muitos nomes. Já é uma lista longa, mas devido à natureza do caso, vamos garantir que estamos certos antes de fazer isso. A lista de nomes é chocante”, acrescentou.