Desde miúdo que lhe chamavam casmurro e ranzinza. Benjamin ‒ vulgo Bibi ‒ Netanyahu ignorava e fazia o que lhe dava na gana. O pai, um historiador sionista especializado na Inquisição e nos marranos (cristãos-novos) da Península Ibérica, gostaria que os seus três filhos lhe seguissem os passos. Nenhum o fez. O mais velho, Yonathan, morreu de forma precoce enquanto comandante das Sayeret Matkal, as tropas de elite das Forças Armadas de Israel (Tsahal), durante a famosa Operação Entebbe (Uganda), destinada a salvar os 258 passageiros e tripulantes de um avião da Air France sequestrado por uma célula da Frente Popular para a Libertação da Palestina. O caçula, Iddo, também cumpriu o serviço militar na mesma unidade de comandos e combateu na guerra do Yom Kippur, embora acabasse por licenciar-se em Radiologia e conjugar, até hoje, a atividade médica com a literatura. Bibi, o rebelde do meio, nunca se preocupou em ter muitos amigos. Muito influenciado por Yonathan, também largou os estudos nos EUA para se voluntariar nas Sayeret, em que cumpriu várias missões de alto risco. A principal ocorreu em maio de 1972, quando o voo 571 da Sabena Airlines aterrou em Telavive com uma centena de pessoas a bordo e sob o comando do Setembro Negro, organização terrorista palestiniana que, quatro meses depois, ficaria ainda mais conhecida pelos ataques aos atletas israelitas nos Jogos Olímpicos de Munique. No sequestro da companhia aérea belga, todos os piratas do ar foram abatidos, uma passageira morreu e o capitão Netanyahu sobreviveu a uma bala que lhe perfurou o ombro.
VINGADOR BÍBLICO