António Guterres, secretário-geral da ONU, pediu esta sexta-feira à Venezuela “total transparência” nos resultados das eleições presidenciais de 28 de julho. Recorde-se que após as votações, o Conselho Nacional Eleitoral atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.
O Conselho ainda não publicou as atas eleitorais do escrutínio, medida reivindicada pela oposição, algo que Guterres relembra. Num comunicado, o secretário afirmou que “tomou nota” da decisão do Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela, que validou na quinta-feira a vitória do Presidente Nicolás Maduro.
A União Europeia já anunciou que não reconhecerá os resultados até que as atas eleitorais sejam verificadas. “Enquanto não virmos um resultado que possa ser verificado, não o vamos reconhecer”, disse também esta sexta-feira o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.
No mesmo comunicado, Guterres também exigiu “uma proteção absoluta e respeito pelos direitos humanos” na Venezuela, após expressar “preocupação” com os relatos recebidos de vários abusos, entre os quais mencionou detenções arbitrárias de menores, jornalistas, defensores dos direitos humanos, ativistas e opositores, avança a Agência Lusa.
A ONU enviou à Venezuela um painel de peritos eleitorais e o relatório preliminar concluiu que as eleições venezuelanas careceram de “medidas básicas de transparência e integridade”, aspetos que, segundo frisaram, “são essenciais para a realização de eleições credíveis”.
O Governo de Maduro classificou os membros do grupo da ONU como “falsos especialistas eleitorais” e acusou-os de espalhar “uma série de mentiras”. Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de mais de 2.200 detenções, 25 mortos e 192 feridos.