As polémicas em torno da 68ª edição da Eurovisão pareciam não ter fim. A final, a acontecer este sábado, 11 de maio, ficou marcada por demissões de porta-vozes, desqualificações, a tensão com a delegação israelita e os protestos que enchem as ruas da Malmo desde quinta-feira.
Na tarde de sexta-feira, o representante dos Países Baixos, Joost Klein, foi suspenso dos ensaios, de acordo com a União Europeia de Radiodifusão (EBU, na sigla em inglês), por estar a ser investigado por “um incidente”. Mas já este sábado foi conhecida a sua desclassificação.
“A polícia sueca está a investigar uma queixa apresentada por um membro feminino da equipa de produção, na sequência de um incidente que ocorreu após a sua atuação na semifinal de quinta-feira à noite”, afirmou a União Europeia de Radiodifusão (EBU), em comunicado.
“Temos uma política de tolerância zero relativamente a comportamentos inadequados no nosso evento […]. À luz disto, o comportamento de Joost Klein para com um membro da equipa é considerado uma violação das regras”, lê-se.
Três delegações faltaram ao ensaio do desfile das bandeiras (Irlanda, Grécia e Suíça)
Bambie Thug, representante da Irlanda na Eurovisão 2024 e voz ativa de apoio à causa palestiniana, não participou no ensaio para a final devido a “uma situação”.
“Ocorreu uma situação enquanto esperávamos para subir ao palco e participar no desfile de artistas, pelo que pedi a atenção urgente da EBU. A EBU levou este assunto a sério e discutimos que medidas tomar”, explicou, nas redes sociais, Bambie Thug, artista que se assume como não-binário.
Thug pediu desculpas aos fãs por ter falhado o ensaio e terminou a sua mensagem com uma nota que deixa no ar a sua presença na final: “Espero ver-vos no palco esta noite”.
A Irlanda não foi a única ausência no desfile, já que os representantes da Grécia e da Suíça, Marina Satti e Nemo, também não subiram ao palco naquele momento do ensaio.
Participação de Israel no Festival
Os candidatos da Grécia, Suíça e Países Baixos participaram na conferência de imprensa após a segunda semifinal juntamente com a representante de Israel, Eden Golam, cuja presença durante todo o festival foi altamente contestada pela ofensiva militar do seu país em Gaza.
Durante a conferência de imprensa, ocorreram alguns episódios retratados pelos meios de comunicação, como quando Marina Satti, da Grécia, fingiu estar a dormir durante uma intervenção da israelita.
Um jornalista polaco perguntou à cantora israelita sobre a sua responsabilidade no mais alto nível de alerta terrorista que Malmö estava a viver: “Ao estar aqui, é um risco para a segurança e um perigo para todos! Não se importa?”. Perante esta questão, o moderador disse a Golan que não teria de responder. “Por que não?” Joost Klein interveio então em voz alta.
Dutch contestant Joost Klein, who challenged Israeli Eden Golan’s participation in @Eurovision, got himself disqualified for making “unlawful threats” to a female camera person at Malmö Arena. https://t.co/HNBWDT2tvz pic.twitter.com/eYYPTCiHG1
— Jane (@PlaintanJane) May 11, 2024
Na mesma situação, Klein chamou à atenção por ter sido colocado ao lado da representante israelita, Eden Golan, tendo tapado o rosto com a bandeira dos Países Baixos em vários momentos da conferência.
A jovem cantora israelita Eden Golan, de 20 anos, ganhou o seu bilhete para a final com a canção “Hurricane”, cuja versão inicial teve de ser modificada por se considerar que fazia alusão ao ataque do Hamas em Israel, a 7 de outubro.
Manifestações de apelo à paz
Já este sábado, o representante da França interrompeu o ensaio para fazer um discurso de apelo à união pela música, paz e amor. “Quando era pequeno, sonhava com a música, em ser cantor e sonhava em cantar a paz. Todos os artistas aqui querem cantar pelo amor e pela paz. Precisamos de estar unidos pela música, sim, mas temos de fazer isso com amor pela paz”, disse Slimane, cantor de ‘Mon Amour’.
Porta-vozes dos júris da Finlândia e da Noruega desistiram. Alessandra Mele retirou-se como porta-voz com apenas algumas horas antes do espetáculo. “United By Music – lema da Eurovisão – é a razão pela qual eu faço música. Unir as pessoas, uni-las. Mas agora essas palavras são apenas palavras vazias.Há um genocídio a acontecer e eu peço-vos para, por favor, abrirem os olhos e abrirem os vossos corações. Deixem o amor leva-los a verdade. Está a vossa gente. Palestina livre””.
“Assédio e perseguição” por parte de Israel
Membros da delegação portuguesa no Festival da Eurovisão afirmam ter assistido a casos de assédio e perseguição por parte de elementos da delegação de Israel presentes nos bastidores da sala da Malmö Arena, nomeadamente a membros da Grécia, Suíça, Irlanda e Países Baixos.
Com LUSA