“O governo de Angola continua a gerir os seus pagamentos de dívida e a envolver-se com os credores para ter fontes adicionais de financiamento”, escreve a S&P, apontando que o Executivo “está em discussões com três bancos externos sobre mecanismos de liquidez, num total de cerca de 1,5 mil milhões de dólares (1,4 mil milhões de euros), para ajudar a cumprir os pagamentos”.
Num conjunto de Perguntas e Respostas sobre Angola, com o intuito explícito de esclarecer os investidores, e a que a Lusa teve acesso, a S&P faz eco das perguntas mais comuns feitas pelos investidores e apresenta as respostas, com foco na questão da dívida pública, que subiu de 65% do PIB, em 2022, para 90% do PIB no ano passado, principalmente por efeito da desvalorização de 39% do kwanza.
“Prevemos que o Governo tenha recursos suficientes para pagar a sua dívida, de acordo com o perfil de pagamentos nos próximos dois anos”, escrevem os analistas da S&P, mas o Ministério liderado por Vera Daves de Sousa “está a gerir os futuros pagamentos de dívida, o que deve reduzir a pressão”.
No entanto, acrescentam, “a capacidade de pagar a dívida depende dos preços do petróleo se manterem acima dos 65 dólares e a produção se mantenha adequada”, o que não deve ser problema, já que a previsão da S&P para o preço do barril aponta para 85 dólares este ano e 80 dólares até 2027, com a produção a manter-se entre os um milhão e 1,1 milhões de barris diários.
Neste e no próximo ano, Angola enfrenta um aumento dos pagamentos da dívida pública contraída nos últimos anos, tendo que pagar 4,5 mil milhões de dólares (4,2 mil milhões de euros) este ano e mais 5,1 mil milhões de dólares (4,7 mil milhões de euros) no próximo ano em dívida comercial.
De acordo com a S&P, as principais perguntas que os investidores fazem relacionam-se com a predominância do setor petrolífero em Angola e as implicações para as finanças públicas, o impacto da taxa de câmbio na vulnerabilidade financeira do país, e o impacto dos protestos populares na implementação das reformas económicas, para além do volume da dívida e composição dos credores.
O relatório da S&P é conhecido poucos dias depois de o Presidente da República, João Lourenço, ter assinado uma autorização para um empréstimo de 500 milhões de dólares, cerca de 466 milhões de euros, da filial da África do Sul do Standard Bank, e após o Instituto Nacional de Estatística ter divulgado que o crescimento económico de Angola foi de 0,9% no ano passado, tendo registado uma quebra de 0,3% no quarto trimestre de 2023 face ao anterior e uma expansão de 1,4% face ao último trimestre de 2022.
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