A diplomata Francesca Albanese, relatora das Nações Unidas para os territórios palestinianos ocupados, é tida como uma persona non grata em Israel. A prestigiada jurista italiana anda há semanas a alertar para o “colapso da ordem civil” na Faixa de Gaza, considerando inaceitável que haja milhares de “pais a lutarem por comida para que os respetivos filhos não morram à fome” e uma “vergonha para todos nós, por permitirmos esta traição à Humanidade”. Várias organizações de Direitos Humanos subscrevem integralmente as palavras de Albanese. Na última terça-feira, 27, a Amnistia Internacional, em comunicado, foi muito clara: “Um mês depois de o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) ter ordenado ‘medidas imediatas e eficazes’ (…), as autoridades israelitas têm deixado a população palestiniana em risco de genocídio e à beira da fome devido aos bombardeamentos incessantes e ao reforço do bloqueio ilegal. Também não levantaram as restrições à entrada de bens, nem abriram mais pontos de acesso e passagens de ajuda.” Na véspera, a Human Rights Watch formulou acusações de teor semelhante, alegando que o governo de Telavive faz tábua rasa do veredicto ditado pelo TIJ, a 26 de janeiro. “Israel continua a obstruir a prestação de serviços básicos, a entrada e distribuição de combustíveis e [a praticar] atos de castigo coletivo que equivalem a crimes de guerra e incluem o uso da fome como arma de guerra contra civis.” Ou seja, uma clara violação da resolução 2417, adoptada pelo Conselho de Segurança da ONU, em maio de 2018.
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