Entre duas guerras muito mediáticas e fraturantes, além de uma série de conflitos militares persistentemente ignorados, de sinais de alarme em diversas economias e do crescimento de novas formas de autoritarismo e de intolerância, mais de metade da população mundial vai ter o poder – ou a ilusão… – de decidir o seu futuro ao longo do ano de 2024. E exercê-lo através da mais básica expressão da democracia: o direito de voto. É isso que irá acontecer na maior potência do planeta (EUA), no país mais populoso (Índia), no mais extenso (Rússia), no maior bloco comercial do mundo (União Europeia), na maior economia africana (África do Sul), na maior nação muçulmana (Indonésia), mas também em pequenos territórios com uma importância geoestratégica elevada e em que os resultados das eleições podem ter um impacto global, como é o caso de Taiwan.

A confluência de tantas eleições decisivas num mesmo ano vai ter consequências para a vida das pessoas de cada país, mas também será um barómetro eficaz para atestar a saúde global da democracia, numa época em que os principais estudos internacionais têm alertado para o crescimento do autoritarismo e para a degradação dos princípios e valores que costumavam ser apanágio das sociedades mais desenvolvidas e tolerantes. Nos países de maior tradição democrática é notório o desfasamento existente entre eleitores e governos, por culpa do crescimento da desigualdade económica e social, bem como pelo aproveitamento que é feito pelas forças populistas.