Rodeado pelos destroços de um edifício bombardeado em Gaza, um homem coberto de pó segura uma bebé recém-nascida, resgatada dos escombros e embrulhada numa manta. “É muito pequena, só tem uns quatro ou cinco dias”, conta o fotógrafo palestiniano Mohammed Zaanoun, que presenciou o resgate. “A bebé estava junto à mãe quando a casa da família foi bombardeada. A mãe morreu, mas a menina foi resgatada viva. Foi uma das poucas sobreviventes do bombardeamento”, diz Mohammed, que fotografou a cena no dia 11 de outubro, na cidade de Gaza.
Desde então, muitas outras crianças já perderem os pais na Faixa de Gaza. “Não há lugar mais solitário no mundo do que junto da cama de uma criança ferida que já não tem família para cuidar dela”, escreveu o cirurgião britânico-palestiniano Ghassan Abu Sittah, que está a trabalhar no hospital Al-Shifa, o maior de Gaza. O número de crianças atingidas por bombardeamentos israelitas é tão avassalador que se criou uma nova designação no hospital onde Ghassan trabalha: “Criança ferida sem familiares sobreviventes.”