Um dos grandes escritores do século XX, o argentino Jorge Luis Borges, autor de obras inolvidáveis como o O Aleph ou História Universal da Infâmia, deixou-nos personagens e aforismos que ainda traçam um bom retrato do que se passa atualmente na sua Buenos Aires natal. “Cada país tem a linguagem que merece” é apenas um exemplo e pode servir de pretexto para se analisar o discurso daquele que é, hoje, o político mais popular da Argentina, Javier Milei. A 22 de outubro, data em que celebra 53 anos, o economista, que se diz “liberal-libertário” e “anarcocapitalista”, pretende vencer as eleições presidenciais, logo à primeira volta, e começar a cumprir todas as promessas que fez. Até lá, vai com certeza multiplicar as ameaças e os insultos, que o tornaram uma celebridade global. Não é à toa que tem como lema favorito de campanha “Viva la libertad, carajo!”

Na última década, os discursos agressivos e politicamente incorretos de Milei fizeram dele um convidado obrigatório em tudo quanto fosse programa televisivo de entretenimento. Um dos seus alvos preferidos é a “casta” dirigente, à qual promete dar uma “biqueirada no cu” por ser exclusivamente constituída por “chetos” (queques) “incompetentes, corruptos, e por parasitas”, que “nunca trabalharam nem fizeram nada de útil na vida”.