O Icon of the Seas (Ícone dos Mares, em português) completou recentemente o seu primeiro conjunto de testes no mar, em preparação para a viagem inaugural que está marcada para janeiro de 2024.
Este navio cruzeiro da Royal Caribbean é cinco vezes maior que o Titanic e tem 250 mil toneladas, 20 andares, com mais de 20 bares e restaurantes, 7 piscinas, 6 escorregas aquáticos, minigolfe, parede de escalada e sala de jogos. Nesta embarcação, em que tudo é superlativo, a capacidade total a bordo é de uns impressionantes 7.600, sendo que 5.610 serão hóspedes e 2.350 membros da tripulação.
Não é surpresa que, com estes atributos, uma imagem do navio tenha captado a atenção da internet. Na imagem, a vista traseira do navio assemelha-se a um bolo com várias camadas, com um tamanho imponente, e tornou-se objeto de fascínio e de crítica nas redes sociais.
Foi apelidado de “monstruosidade”, um “monte de decadência” e um utilizador sugeriu que um nome melhor seria “Ícone da Doença”.
Surgiram comparações com uma grande cadeia de hipermercados norte-americanos, em que um utilizador escreveu preferir “estar preso num Walmart flutuante” enquanto outro internauta comparou o navio a “uma pilha mal equilibrada de pratos cheios de comida; caótica, desarrumada, possivelmente precária”.
É tudo uma questão de perceção
Tom Davis, professor de psicologia na Universidade do Alabama,nos Estados Unidos, citado pela CNN, explicou que a imagem é, afinal, uma representação, e não uma fotografia real, o que por si só desempenha um papel crucial.
“Quase dá a impressão de um navio curto, demasiado alto e empilhado, que está em mares agitados, mas, na realidade, isto pode ser um truque de perspetiva, uma vez que o navio real é aparentemente três a quatro vezes mais comprido do que a ideia que tenho ao olhar para baixo para a representação. As imagens que vi, mais de perfil, dão uma noção mais razoável, penso eu, da altura no contexto do comprimento total.”
De acordo com Adam Cox, psicólogo e especialista em fobias, citado pela CNN, a descrição comum do Icon of the Seas como “cinco vezes maior” do que o Titanic pode sugerir a ideia de um desastre potencialmente maior.
“Ainda mais depois da recente tragédia com o submarino do Titanic”, explica, “isto provoca um desejo de proteção para evitar uma tragédia semelhante”.
O especialista acrescenta que os próprios andares do navio também criam uma sensação de claustrofobia em algumas pessoas, enquanto “para outros, as cores doces fazem com que o navio pareça um brinquedo, criando questões de segurança que não existiriam se o navio tivesse cores mais neutras.”
Algumas viagens a bordo do Icon of the Seas já se encontram esgotadas. Citado pela CNN, Ross Klein, sociólogo da Memorial University of Newfoundland, no Canadá, e especialista em cruzeiros, acredita que é provável que o navio se torne numa máquina de fazer dinheiro: “A Royal Caribbean é conhecida por exceder 100% da capacidade dos seus navios. Aquele navio vai receber 10 milhões de dólares por semana.”