A decisão do Tribunal de Recurso, localizado em São Francisco (Califórnia), suspende temporariamente a ordem para Toledo se entregar às autoridades para a extradição, o que deveria ter acontecido na manhã de hoje.
A defesa de Toledo tinha solicitado uma suspensão de 14 dias na quinta-feira para dar tempo à justiça para ouvir o recurso do político.
Segundo o canal de notícias peruano RPP Noticias, citando a procuradora peruana Silvana Carrion, o ex-presidente peruano alegou “erros materiais” na decisão do tribunal norte-americano que ordenou a sua detenção para o extraditar para o Peru.
A mesma procuradora explicou que terá de haver uma decisão final após os 14 dias de suspensão do processo.
O ex-presidente peruano (2001-2006), que vive em São Francisco, tem travado uma batalha legal para evitar ser enviado de volta ao país andino desde que foi detido pelas autoridades norte-americanas em 2019.
Toledo, 77 anos, foi preso em 2019 na Califórnia e passou oito meses na prisão por risco de fuga, mas foi colocado em prisão domiciliária em março de 2020, com o surto da pandemia de covid-19.
Em setembro passado, o sistema judicial norte-americano deu luz verde à sua extradição para o Peru, tendo encontrado provas suficientes para justificar esta medida, que foi aprovada em fevereiro passado pelo Departamento de Estado.
Toledo é acusado no seu país de ter recebido cerca de 34 milhões de dólares (31 milhões de euros) da construtora brasileira Odebrecht, através de uma rede de empresas em paraísos fiscais através da qual adquiriu bens imobiliários no Peru no valor de milhões de dólares.
Mais especificamente, Toledo foi investigado pelos alegados crimes de branqueamento de capitais, conluio e tráfico de influência, em relação aos contratos adjudicados à Odebrecht para a construção da Auto-Estrada Interoceânica entre o Brasil e o Peru.
O caso Odebrecht, o maior escândalo de corrupção na América Latina, implicou também os ex-presidentes peruanos Alan García (1985-1990 e 2006-2011), Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), assim como a candidata presidencial Keiko Fujimori, filha e herdeira política do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000).
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