“Esta reação, naturalmente, não pode mudar os planos da Rússia”, disse o porta-voz do Kremlin (presidência russa), Dmitri Peskov, citado pelas agências espanhola EFE e francesa AFP.
O Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou, no sábado, um acordo para a instalação de armas nucleares no território da Bielorrússia, que faz parte da chamada União Estatal com a Rússia, criada pelos dois países em 1999.
“Não há aqui nada de extraordinário. Em primeiro lugar, os Estados Unidos têm vindo a fazê-lo há décadas. Há muito tempo que os Estados Unidos implantaram as suas armas nucleares táticas no território dos seus aliados”, disse Peskov.
“Se a minha memória não me falha, em seis países: Alemanha, Turquia, Países Baixos, Bélgica, Itália e Grécia”, precisou, referindo-se a membros europeus da Organização da Aliança do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês).
Ao justificar a decisão, anunciada em plena guerra contra a Ucrânia, Putin disse que o acordo não viola as obrigações da Rússia em matéria de não-proliferação nuclear.
Segundo Putin, a formação do pessoal militar bielorrusso terá início em 03 de abril, e a construção de um silo para albergar as armas nucleares na antiga república soviética estará concluída em 01 de julho.
Em reação, a União Europeia (UE) ameaçou adotar novas sanções contra a Bielorrússia, aliada da Rússia na invasão da Ucrânia ordenada por Putin em 24 de fevereiro de 2022.
“O acolhimento de armas nucleares russas pela Bielorrússia constituiria uma escalada irresponsável e uma ameaça à segurança europeia”, disse o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, no domingo.
“A Bielorrússia ainda pode impedir isso. A UE está pronta para responder com mais sanções”, assegurou o Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança.
A NATO disse estar vigilante e denunciou a retórica nuclear russa, que classificou como “perigosa e irresponsável”.
Uma porta-voz da NATO acrescentou que a Aliança “não viu quaisquer mudanças na postura nuclear da Rússia” que levassem ao ajustamento da sua estratégia.
Já a Ucrânia pediu uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU e disse esperar “ações efetivas para combater a chantagem nuclear do Kremlin por parte do Reino Unido, China, Estados Unidos e França”.
Kiev referia-se aos países que, tal como a Rússia, têm poder de veto no Conselho de Segurança por serem membros permanentes daquele órgão da Organização das Nações Unidas.
Num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano pediu ainda ao G7 (o grupo das sete economias mais desenvolvidas) e à UE para pressionarem a Bielorrússia, ameaçando-a com “sérias consequências” se aceitar a imposição russa.
A invasão russa da Ucrânia desencadeou uma guerra sem fim à vista, que é considerada como a crise de segurança mais grave na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
PNG (RJP/EL) // APN