Se o resto do mundo já está a tentar viver “normalmente” com os casos de Covid-19, a China ainda luta com firmeza contra o vírus, aplicando a política “Covid zero”, que obriga a confinamentos rigorosos e medidas extremas de contenção do vírus. Cansados de viver nestas condições, os habitantes começaram uma onda de protestos, que já se expandiram para uma contestação generalizada ao regime de Xi Jinping.
Este fim de semana em particular, as tensões aumentaram e os protestos escalaram para confrontos com a polícia. No sábado, 26, numa província de Xinjiang, um incêndio provocou a morte de dez pessoas que estavam confinadas num bloco de apartamentos em Urumqi, após ter sido detetado um caso na cidade.
A população acredita que as pessoas não conseguiram escapar do prédio em chamas porque as portas estariam trancadas por fora, contudo as autoridades locais contestaram essa afirmação. Os habitantes saíram para a rua nessa noite em forma de protesto devido aos acontecimentos recentees, desrespeitando todas as regras impostas pelo Governo de Xi Jinping.
Através de manifestações pacíficas, homenagearam as vítimas do incêndio de Urumqi e pediram o relaxamento das medidas de confirnamento. Além disso, muitos também exigiram o fim da censura e alguns pediram que o presidente renunciasse.

Na manhã seguinte, o governo afirmou que o surto de Covid-19 está controlado e que a cidade vai aliviar os bloqueios, após mais de 100 dias de severa restrição ao movimento dos habitantes. Desde 25 de novembro, têm sido partilhados vídeos nas redes sociais, que mostram protestos em universidades e cidades por toda a China.
“A tragédia do incêndio de Urumqi inspirou uma bravura notável em toda a China. Os manifestantes pacíficos estão a segurar papel em branco, cantando slogans e envolvendo-se de muitas formas de dissidência criativa”, referiu Hana Young, vice-diretora regional da Amnistia Internacional , através de um comunicado enviado à VISÃO. “É virtualmente impossível para as pessoas na China protestarem pacificamente sem enfrentar assédio e processos. As autoridades demonstraram tolerância zero com a oposição, especialmente nos últimos 10 anos sob o presidente Xi, mas isso não impediu os protestos”, acrescentou.
“Em vez de penalizar o povo, o governo devia ouvir os seus apelos. As autoridades devem permitir que as pessoas expressem os seus pensamentos livremente e protestem pacificamente, sem medo de retaliação“, afirmou também. “Infelizmente, as regras da China são muito previsíveis. A censura e a vigilância vão continuar, e provavelmente veremos o uso da força pela polícia e prisões em massa de manifestantes nas próximas horas e dias”.
Em várias cidades, como Londres, Paris, Amesterdão, Dublin, Toronto e em diversos locais dos Estados Unidos, a comunidade chinesa está também a sair à rua.
