“Partilhámos as nossas propostas com o conteúdo e forma para que se possa alcançar uma rápida conclusão das negociações de Viena”, explicou Ali Bagheri Kani, numa publicação na rede social Twitter.
O diplomata iraniano lembrou que o objetivo é “reparar o complexo e nocivo problema causado pela retirada unilateral e ilegal dos Estados Unidos” deste acordo, assinado em 2015.
“Estamos a trabalhar em estreita colaboração com os nossos parceiros (…) em particular com o coordenador, para dar aos Estados Unidos outra hipótese de mostrar boa-fé e agir com responsabilidade”, salientou o diplomata iraniano.
O Irão e seis potências mundiais – EUA, França, Alemanha, Reino Unido, Rússia e China – assinaram em 2015 um acordo sobre o controverso programa nuclear iraniano, aceitando Teerão limitar drasticamente o seu enriquecimento de urânio em troca do levantamento das sanções económicas.
Em 2018, o então Presidente norte-americano, Donald Trump, retirou unilateralmente os EUA do acordo e partir daí o Irão tem violado o entendimento e tem aumentado o seu ‘stock’ de urânio enriquecido.
As conversações internacionais mantidas em Viena sobre a reanimação do acordo e o regresso dos EUA ao protocolo, depois da viragem política com a eleição de Joe Biden, estão paradas desde abril.
Ali Bagheri Kani enfatizou ainda que “o Irão está disponível para encerrar as negociações num curto espaço de tempo, desde que a outra parte esteja disposta a fazer o mesmo”.
Na terça-feira, o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, divulgou que um novo acordo tinha sido apresentado ao Irão e EUA, para reativar o acordo nuclear.
Washington respondeu que estava a analisar a proposta e que responderia à UE o mais rápido possível.
Borrell, que assume um papel de facilitador nestas reuniões, instou no sábado as partes envolvidas nas negociações para retomar o acordo nuclear com o Irão a tomarem decisões “agora”, alertando que o espaço para alcançar novos compromissos significativos “está esgotado”.
O político espanhol afirmou que, após 15 meses de negociações “intensas e construtivas” e “inúmeras interações” com os participantes do acordo e com os Estados Unidos da América (EUA), “esgotou-se o espaço para chegar a compromissos significativos adicionais” sobre o acordo.
Josep Borrell sublinhou que o acordo de 2015 garantiu limites “estritos” às atividades nucleares do Irão e o mais amplo regime de vigilância e inspeção já aplicado pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), a agência para o nuclear da ONU.
De resto, o diretor-geral deste órgão, Rafael Grossi, admitiu estar preocupado com as recentes alegações do Irão, de que em breve estará “tecnicamente” em condições de construir armas nucleares.
Um conselheiro do líder espiritual do Irão, Ali Khameni, revelou que Teerão poderia “produzir urânio enriquecido a 90% sem problemas, a pureza necessária para fabricar bombas atómicas”.
Já a Agência de Energia Atómica do Irão (AEAI) garantiu na segunda-feira que não irá ligar as 27 câmaras de vigilância da AIEA até que o acordo nuclear de 2015 seja restaurado.
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