É na pequena cidade belga de La Hulpe que se situa o quartel-general de uma empresa que pode protagonizar a mãe de todas as sanções económicas, caso a tensão entre a Rússia e o Ocidente por causa da Ucrânia continue a escalar. A Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais (SWIFT, na sigla em inglês) controla a rede global na qual bancos e algumas empresas trocam as mensagens eletrónicas necessárias para realizar de forma segura operações como transferências bancárias ou ordens de pagamento. E, desde 2014 – quando a Rússia anexou a Crimeia – que há vozes a defenderem que se ordene à SWIFT que desligue as instituições bancárias russas deste sistema que é essencial para o funcionamento do setor financeiro. Esta rede é uma espécie de internet dos bancos e sair dela seria ficar desconectado da economia global, já que este sistema liga mais de 11 mil instituições financeiras de 200 países. E no passado esta arma nuclear das sanções económicas já foi usada – entre 2012 e 2016 – contra os bancos do Irão, impedindo-os de ficarem ligados ao sistema de pagamentos internacional.
A possibilidade de se ativar essa arma voltou a ganhar força na recente escalada da tensão entre Moscovo e o Ocidente, causada pela mobilização de cerca de 100 mil soldados russos para perto da fronteira com a Ucrânia. Essas movimentações fizeram com que os países da União Europeia (UE), os EUA e o Reino Unido temam uma invasão russa a um dos seus maiores vizinhos. Devido a essa ameaça, Joe Biden avisou Vladimir Putin que, caso as tropas russas invadam a Ucrânia, haverá “consequências económicas severas”. Além de sanções económicas, Washington e a NATO estão também a reforçar a presença militar no Leste da Europa e esta semana começaram a chegar à Polónia as primeiras tropas de um contingente norte-americano de três mil militares.