No verão de 1992, a cerimónia de encerramento dos Jogos Olímpicos de Barcelona foi protagonizada por José Carreras e por Sarah Brightman. O tenor espanhol e a soprano britânica cantaram então Amigos para Sempre e esse tema poderia agora servir de banda sonora para o que vai acontecer nesta sexta-feira, 4, na capital chinesa. Não nos referimos à cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno, no Estádio Nacional também conhecido como Ninho de Pássaro. Horas antes, algures na Cidade Proibida, antiga residência dos imperadores chineses, dois homens que parecem ter uma admiração recíproca vão encontrar-se pessoalmente pela 38ª vez: Xi Xinping, Presidente da República Popular da China (RPC), e Vladimir Putin, o seu homólogo da Federação Russa. O primeiro, no poder desde 2013, chefia o país mais populoso do mundo e não esconde a sua vontade de converter o regime de Pequim numa superpotência global que enterre de vez a pax americana – entenda-se a ordem internacional saída da Segunda Guerra Mundial, criada pelos Estados Unidos da América e respetivos aliados. O segundo, no poder desde 1999 (duas vezes como primeiro-ministro), considera que a Rússia deve fazer jus à sua dimensão territorial (por ser o maior Estado soberano do mundo, em superfície) e tem de ocupar um lugar cimeiro no concerto das nações – isto é, deve ser vista como a digna sucessora da ex-União Soviética.
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Este encontro entre ambos deverá durar “muito tempo” – de acordo com o comunicado oficial do anfitrião – e servir para colocarem a conversa em dia. Desde o início da pandemia, Xi Jinping não voltou a viajar nem a receber nenhum chefe de Estado estrangeiro. Putin efetuou apenas duas deslocações: em junho de 2021, esteve em Genebra, Suíça, para um frente a frente com Joe Biden, o Presidente dos EUA; e, em dezembro, aceitou o convite de Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, para ir até Nova Deli.