O levantamento sobre a educação nacional perante o fecho das escolas imposto pela pandemia de covid-19 foi elaborado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Banco Mundial e a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE).
Menos de um terço dos países de baixos e médios rendimentos informou que os seus estudantes tinham voltado ao ensino presencial, o que aumentou o risco de perda de aprendizagem e de abandono escolar, alerta este estudo, realizado entre fevereiro e maio deste ano.
“Queremos que a educação seja a principal prioridade na agenda comum”, afirmou hoje a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, sublinhando que as escolas devem ser “o primeiro local a abrir e o último a fechar”.
Muitos países melhoraram as normas de segurança e higiene nos centros educativos, mas cerca de 28% cancelou vários exames do primeiro ciclo do ensino secundário e 18%, do segundo, aponta o estudo, o primeiro em que colaboraram estas organizações internacionais.
Em 2020, as escolas de todo o mundo estiveram fechadas por completo durante uma média de 79 dias letivos, ou seja, cerca de 40% da média do total de dias letivos nos países da OCDE e do G20.
O relatório foi hoje apresentado na Reunião Mundial sobre a Educação 2021, na qual 90 ministros de todo o mundo defenderam mais cooperação e multilateralismo em matéria de educação para combater as consequências da pandemia e apoiaram a proposta da UNESCO sobre a melhoria dos mecanismos globais.
A ministra da Educação colombiana, María Victoria Angulo González, que falou em nome da América Latina e das Caraíbas, admitiu que a pandemia “aprofundou as desigualdades” no seu continente e classificou esta época como “a mais desafiante” até agora para a educação.
O seu homólogo francês, Jean-Michel Blanquer, sustentou que os valores da educação são comuns e que é necessária “uma visão global da educação, ainda que haja competências nacionais”.
O estudo também indica que, em algumas regiões, apenas foram revistas as políticas de acesso, especialmente para as raparigas, e que as adolescentes dos países de rendimentos baixos e médios são as que correm mais riscos de não voltar à escola.
“França é a favor da educação para toda a gente e, por isso, dedica 100 milhões anuais a ela”, sublinhou Blanquer, assegurando que a prioridade do seu país — onde se realizará a próxima sessão mundial dedicada à educação — “é centrar-se nos mais frágeis, nas meninas e nas mulheres”.
ANC // EL