“No geral, as relações com a Rússia não estão a melhorar. Pelo contrário, as tensões estão a aumentar em várias áreas”, frisou Josep Borrell à entrada para uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, que tem hoje lugar por videoconferência.
Enumerando os diferentes pontos que irão ser abordados pelos chefes da diplomacia europeia durante a reunião, Borrell destacou que a discussão sobre a Rússia irá centrar-se em três temas: a expulsão, anunciada no domingo, de 20 diplomatas checos da Rússia, o estado de saúde do opositor russo, Alexei Navalny, e as tensões na fronteira com a Ucrânia.
No que se refere a Navalny, Borrell disse estar “muito preocupado” com o estado de saúde do opositor russo, informando que recebeu no domingo “uma carta da sua equipa” e que, aquando da sua deslocação a Moscovo em fevereiro, tinha “posto em cima da mesa” a questão do tratamento de Navalny, sem que o seu pedido “tenha sido ouvido”.
“Agora, a situação [de Navalny] piorou. Responsabilizamos as autoridades russas pelo estado de saúde de Navalny”, sublinhou.
O Alto Representante disse ainda que convidou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, a participar no Conselho de Negócios Estrangeiros, de maneira a elucidar os chefes da diplomacia europeia sobre o “estado da situação” na fronteira entre a Ucrânia e a Rússia.
“A situação na fronteira ucraniana, com a mobilização de forças da Rússia, (…) é muito perigosa, e apelamos à Rússia para que retire as suas tropas” da região, referiu Borrell.
Abordando ainda a situação na região de Tigray, na Etiópia, que também estará em cima da mesa dos ministros europeus, Borrell salientou que, “apesar de todas as promessas do governo etíope”, o “acesso humanitário [a Tigray] ainda não foi garantido”.
“Vamos falar da Etiópia e espero que os Estados-membros analisem as decisões a tomar caso o Governo etíope não cumpra as suas promessas sobre a situação em Tigray”, sublinhou.
Borrell falava à entrada para o Conselho de Negócios Estrangeiros, onde, além dos dois temas elucidados por Borrell, os chefes das diplomacias europeias irão também debater vários assuntos correntes, entre os quais a situação na região de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.
Segundo fontes europeias, os ministros europeus irão procurar “contribuir para encontrar uma solução para a crise que se vive em Cabo Delgado”, nomeadamente através de uma “potencial missão não militar” no âmbito da Política Comum de Segurança e de Defesa da UE.
Os chefes das diplomacias da UE irão também abordar a atual situação no Myanmar (antiga Birmânia), sendo esperado que um novo pacote de sanções seja aprovado pelos ministros, com o intuito de “visar entidades económicas que são cruciais para as atividades” da Junta Militar que perpetrou um golpe de Estado a 01 de fevereiro.
A reunião teve início às 09:30 de Bruxelas (08:30 de Lisboa) e deverá terminar por volta das 15:00 (14:00 de Lisboa).
TEYA // FPA