“Nunca enfrentámos uma catástrofe com esta magnitude. Os serviços de proteção civil reagiram de forma exemplar”, mas “nenhum país está pronto para responder de forma imediata perante uma situação tão inesperada e tão desgraçada como esta”, afirmou à Lusa Carmelo Nvono Ncá.
As explosões no quartel militar da Unidade de Intervenção Rápida de Nkuatamana, na cidade portuária de Bata, a maior da parte continental do país, causaram mais de uma centena de mortos e centenas de feridos, mas ainda falta retirar muitas pessoas dos escombros, que se estendem por áreas em redor do perímetro militar.
“Os serviços de proteção civil estão preparados para responder a situações atípicas, mas num contexto normal”, o que não sucede agora com a pandemia, admitiu o embaixador que aguarda por mais sinais de apoio dos parceiros internacionais.
“Esperamos que os países respondam com solidariedade. Precisamos de tudo, tudo interessa”, disse o diplomata.
“Como já disse o nosso chefe de Estado — Teodoro Obiang Nguema -, foi um acidente fortuito que teve como origem uma negligência”, com munições e artefactos espalhados dentro do quartel, explicou Carmelo Nvono Ncá.
As várias explosões que se sucederam “causaram muitos danos materiais e, infelizmente o que é mais grave, perdas humanas”, referiu.
“[Trata-se de] situações imprevisíveis e não somos o primeiro país que sofre uma situação semelhante, [mas] gostaria de pensar que seriamos o último país onde estas tragédias sucedem”, acrescentou o embaixador acreditado na UE.
“Registamos de uma forma muito sincera a solidariedade internacional”, disse, afirmando ainda: “Acreditamos que os países doam o que podem a quem sofre catástrofes como estas”, comentou, admitindo que os danos do acidente ainda estão por apurar.
A Guiné Equatorial já foi uma das economias mais pujantes de África, mas a dependência do petróleo — é o maior produtor do Golfo da Guiné — arrastou o país para uma crise acentuada que suspendeu o ambicioso programa de obras públicas
“Qualquer país que sofra um impacto desta magnitude terá sequelas materiais, emocionais e económicas”, comentou.
O país é governado desde o final da década de 1970 por Teodoro Obiang Nguema, que colocou o seu filho como vice-presidente, e é acusado por organizações e analistas internacionais de várias violações dos direitos humanos.
Apesar da riqueza do petróleo, o país — que integra a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa desde 2014 — regista ainda grandes assimetrias económicas e sociais, com franjas de pobreza grande e parte da população.
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