Já se sabia que não seria uma segunda-feira normal na América. Logo às primeiras horas do dia, início da tarde em Portugal, esperava-se que as Geminídeas proporcionassem uma das maiores e mais impressionantes chuvas de meteoros do ano. Pouco depois, haveria de surgir uma escuridão à medida que ocorria um raro eclipse total do sol. Quem estivesse a seguir o fenómeno no sul do continente americano, tinha ainda outro bónus: captar os flashes dos meteoros das Geminidias e ainda avistar um cometa esperado próximo do espetáculo.
“É também o dia em que veremos Joe Biden ser oficialmente confirmado como Presidente dos Estados Unidos”, comenta à Forbes Jay Pasachoff, professor de Astronomia no Williams College, no Massachusetts, EUA, que já testemunhou 35 eclipses solares totais e 72 eclipses solares de todos os tipos – e não resistiu ao gracejo: “talvez fosse necessário um eclipse total do sol para oficializar o momento”.
Segundo explica o especialista, este 14 de dezembro conjuga na perfeição a visão de um cometa aleatoriamente brilhante, um rasto de destroços de um asteroide gigante (as chuvas de Geminídias são pelo objeto 3200 Faetonte, que se acredita ser um asteroide da família Palas) e o ciclo Saros (que diz respeito à periodicidade dos eclipses, qualquer coisa como 18 anos). E um fenómeno destes no dia da despedida de Donald Trump da presidência americana, acrescenta a Forbes, não poderia deixar de trazer à memória a imagem viral de Trump, durante o “grande eclipse americano” de agosto de 2017, quando foi fotografado a olhar para um eclipse solar parcial de 81 por cento sem os óculos próprios para o efeito.
Já para o seu sucessor, Joe Biden, que tem um planeta anão com o seu nome desde os tempos da vice-presidência de Barack Obama (o 2012 VP113, situado na Nuvem de Oort, a cerca de 12 mil milhões de quilómetros do Sol), verá o mandato que agora começa – depois de a sua vitória nas eleições de dezembro ser confirmada pelo Colégio Eleitoral, esta segunda-feira, 14 – entrar em contagem decrescente com algo ainda melhor do que o conhecido “grande eclipse americano”.
Será, anunciaram já os astrónomos, no início de abril de 2024 que a sombra da Lua atravessará o México, EUA e Canadá, durante um total de 4 minutos e 28 segundos. E o curioso, como sublinha ainda o artigo da Forbes, é que o meio caminho entre o tal dia 21 de agosto de 2017 – o do “grande eclipse americano”, em que Trump foi fotografado a olhar para o eclipse sem óculos – e esse futuro dia 8 de abril de 2024, é exatamente hoje, 14 de dezembro de 2020.