Apesar de ainda haver muito por desvendar sobre o sol, cientistas e investigadores sabem que a nossa estrela tem um ciclo, composto por momentos de muita e pouca atividade: o máximo solar, quando são visíveis muitas manchas solares e é libertada mais energia, e o mínimo solar, quando o sol se “acalma”.
As manchas solares são áreas de intensa atividade magnética na superfície do Sol e que aparecem como uma área escura nas imagens. Estas podem ser colossais – até 50 mil quilómetros de diâmetro. Foi através destas manchas escuras que os cientistas conseguiram estabelecer um padrão para o ciclo solar. O Sol tem um ciclo que dura entre nove e 14 anos – 11 anos, em média. Em 2013/2014 registou-se uma grande atividade solar, quando foi possível observar as manchas de forma nítida.
Neste momento estamos a passar por um período de mínimo solar, exatamente na altura que a Nasa apontava há dois anos. E uma atividade solar menos intensa tem efeitos na Terra. “Durante o mínimo solar, vemos o desenvolvimento de buracos coronais duradouros”, explicou então Dean Pesnell of NASA’s Goddard Space Flight Center, num artigo da agência espacial. Os fluxos de vento solar que fluem de buracos coronais podem causar efeitos climáticos quando atingem o campo magnético da Terra. Esses efeitos podem incluir distúrbios temporários da magnetosfera – tempestades geomagnéticas, auroras boreais mais intensas e interrupções nos sistemas de comunicação e navegação.
Os astronautas também ficam menos protegidos das radiações cósmicas – que podem provocar cancro.
Já existiram períodos críticos no nosso planeta quando o sol apresentou uma baixa atividade solar. Entre os anos de 1645 e 1715, a Europa e a América do Norte viveram invernos muito rigorosos, mais frios do que o normal. Neste período, conhecido como o “Mínimo Maunder”, as manchas solares raramente apareciam.
Outro episódio semelhante foi o “Mínimo de Dalton”, que ocorreu entre 1790 e 1830: uma descida brutal das temperaturas teve consequências na agricultura, fazendo com que milhares de pessoas morressem de fome. Neste período, a atividade vulcânica foi elevada. Na verdade, a erupção de 1815 do Monte Tambora, na Indonésia – a mais potente alguma vez registada na época humana -, terá contribuído mais para a descida das temperaturas do que a reduzida atividade solar.
Não se espera que, durante este mínimo solar, se observe qualquer descida da temperatura média. “O aquecimento causado pelas emissões de gases de efeito estufa resultantes da queima de combustíveis fósseis é seis vezes maior do que o possível arrefecimento provocado por um grande mínimo solar que dure décadas”, escreveram cientistas da NASA no blogue da agência dedicado às alterações climáticas. “Mesmo que um grande mínimo solar durasse um século, as temperaturas globais continuariam a aquecer.”
Em suma: não vem aí uma “pequena idade do gelo”, como já se começou a espalhar.