A hondurenha Roxsana Hernandez Rodriguez estava sob custódia dos serviços de imigração norte-americanos desde 13 maio, depois de chegar a San Ysidro, perto de San Diego, Califórnia. A 16 do mesmo mês, foi transferida para um centro de detenção do ICE, os serviços de imigração e alfândega dos EUA, no Novo México, onde foi colocada numa unidade destinada a transgénero. Morreu cerca de duas semanas depois, como o próprio ICE informou em comunicado, na altura, identificado uma paragem cardíaca como a causa da morte.
Uma autópsia paga pelo Transgender Law Center, uma organização com sede em Oakland, Califórnia, que defende a comunidade transgénero, chegou, no entanto, a uma conclusão diferente e sugere que Hernandez morreu de “complicações graves de desidratação”. O relatório do exame fala ainda em marcas de agressão nas costas e no abdómen e sinais que apontam para que tenha estado presa pelos pulsos.
“A sua morte era inteiramente evitável”, lamenta Lynly Egyes, diretora jurídica do centro, que vai avançar com um processo contra o estado do Novo México.
Segundo os advogados do Transgender Law Center, a saúde de Hernandez começou a deteriorar-se logo em San Diego, onde lhe terá sido negada assistência médica até passar vários dias com vómitos e diarreia.
Em comunicado, o ICE diz que não pode falar sobre a validade de uma autópria privada, mas nega as alegações de que a requerente de asilo tenha sido agredida, sublinhando que as averiguações internas confirmaram que Hernandez tinha um historial de infeção por VIH não tratada. O organismo diz que a mulher deu entrada no Hospital de Cibola, a 17 de maio, com sintomas de desidratação, pneumonia e complicações associadas ao VIH. Dias mais tarde, foi transferida para o Lovelace Medical Center, onde ficou nos cuidados intensivos até morrer, a 25 do mesmo mês.
A hondurenha integrou um grupo de migrantes da América Central rumo à fronteira dos EUA, em abril deste ano, para fugir à “violência, ódio, estigma e vulnerabilidade” que sofria no seu país por ser uma mulher transgénero”, como se lê numa nota da Pueblo Sin Fronteras, que organiza a caravana anual.
Segundo os serviços de imigração norte-americanos, esta foi a quarta tentativa de Hernandez de entrar nos EUA.