Trinta dias depois de ter sido declarado na República Democrática do Congo, não se pode dizer que o surto de ébola esteja estabilizado, sobretudo devido às dificuldades na identificação de novos casos em áreas junto às que são controladas pelos rebeldes.
“Se houver um caso escondido numa zona vermelha ou numa área inacessível, é perigoso. Pode simplesmente deflagrar um incêndio, apenas um caso”, considerou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, na quarta-feira, à margem de uma conferência de imprensa sobre o tema.
Já na semana passda, a OMS tinha alertado que o controlo desta epidemia está a ser diferente das outras situações até agora registadas no paós por estarem em causa zonas de conflito.
Os últimos números oficiais apontam para 112 casos confirmados e prováveis da doença hemorágica nas províncias de Kivu e Ituri, dos quais resultaram 75 mortes.
O surto que atingiu a África Ocidental entre 2013 e 2016 foi responsável pela perda de mais de 11 mil vidas, mas o Comité Internacional de Resgate teme que o atual possa ser mais grave ainda. “Sem um a resposta rápida, concertada e eficiente, este surto tem o potencial para ser o pior alguma vez visto”, alerta o organismo em comunicado.
Com uma vacinação específica em curso, Tedros Adhanom Ghebreyesus sublinha que “ninguém devia morrer com Ébola”.
A República Democrática do Congo (antigo Zaire) foi palco de dez epidemias de Ébola desde 1976, mas esta é a primeira vez que o vírus ataca numa zona de conflito armado, densamente povoada e com grandes movimentos de população.
O vírus do Ébola, que pode alcançar uma taxa de mortalidade de 90%, transmite-se através do contacto direto com sangue e fluídos corporais contaminados, sendo mais virulento quanto mais avançado estiver o processo de contaminação.
A pior epidemia conhecida da febre hemorrágica do Ébola foi declarada em março de 2014, na Guiné Conacri, tendo-se depois expandido para a Serra Leoa e Libéria.
A OMS deu por terminada a epidemia em janeiro de 2016, depois de registar 11.300 mortos e mais de 28.500 casos, com a agência das Nações Unidas a admitir que os valores reais podem ser mais altos.