“Como pode a União Europeia ser valorizada pelos seus cidadãos e ser reconhecida como uma força do bem e não como uma burocracia sem rosto?” Este foi o mote, lançado em março, pelo fotógrafo alemão Wolfgang Tillmans e pelo arquiteto holandês Rem Koolhaas (em Portugal, desenhou a Casa na Música, no Porto) a artistas e criativos de toda a União Europeia (UE).
A dupla é da opinião que a imagem e a estratégia de comunicação da UE precisam de ser repensadas e renovadas. Assim, pediram ideias para novas formas de comunicar as vantagens da cooperação e amizade entre países e cidadãos através de desenhos, fotos, poemas, palavras ou pequenos filmes. Depois, querem, com vários contributos, fazer uma campanha multifacetada que possa chegar a todos os meios de comunicação.
Forma enviadas mais de 400 propostas, incluindo muitas novas bandeiras da UE e novos desenhos para as notas e moedas de euro, e 30 delas foram selecionadas para serem apresentadas entre 31 de maio e 3 junho no Forum da Cultura Europeia que vai decorrer em Amesterdão, na Holanda.
Durante o Eurolab – Novas Ideias para Comunicar a UE, Wolfgang Tillmans e Rem Koolhaas vão participar em debates, workshops e entrevistas com a missão de saber o que correu bem e o que correu mal na forma de falar da Europa nos últimos 25 anos e pensar novas estratégias sobre como “a cooperação e a solidariedade podem ser comunicadas de uma forma mais moderna e para largas audiências”, refere o fotógrafo na sua carta de objetivos.
Não tendo como móbil arranjar um “um símbolo feliz, uma canção ou gesto” que resumam os benefícios de uma Europa unida, referiu Tillmans ao jornal The New York Times, mas “Chegar a um entendimento mais profundo de como essa desinformação em torno do UE funciona e como podemos combater o nacionalismo.”
Aliás, os políticos populistas que têm surgido na Europa são uma fonte de preocupação para o fotógrafo alemão que, em 2016, entrou no debate e na campanha do referendo do Brexit, lutando para que o Reino Unido ficasse na UE, através de vários posters que pediam aos eleitores que votassem para ficar.
Rem Koolhaas disse ao mesmo jornal que pretendem “encontrar uma linguagem cristalina para falar sobre a Europa e dar-lhe uma narrativa mais coerente”.
Das 30 propostas selecionadas e que vão ser apresentadas em Amesterdão não sairá um vencedor, mas várias ideias para serem postas em práticas. A ideia é refrescar “a razão de ser da Europa, e descrevê-la em novas palavras que não repitem os velhos clichês ou a retórica desgastada”, concluiu o arquiteto.