É oficial: Os EUA saem mesmo do acordo nuclear com o Irão. O anúncio foi feito pouco depois das 19h de terça-feira, hora de Lisboa, por Donald Trump, que assinou o memorando que marca o abandono logo após as declarações aos jornalistas.
“No centro do acordo iraniano estava uma ficção gigantesca segundo a qual um regime assassino desejava um programa de energia nuclear. Hoje temos a prova de que esta promessa iraniana era uma mentira,” afirmou, referindo-se a informações reveladas no final de abril por Israel, que acusou Teerão de desenvolver um programa nuclear secreto.
“Anuncio hoje que os EUA vão retirar-se do acordo nuclear iraniano,” declarou, depois de lembrar os vários avisos feitos nos últimos meses e de dizer que os contactos com os aliados (França, Alemanha e Reino Unido) e com os “amigos no Médio Oriente” concluíram que o Irão representa uma ameaça.
“Depois destas consultas tornou-se claro que não podemos evitar uma bomba nuclear iraniana sob a estrutura podre e decadente do atual acordo,” sublinhou. “Se não fizermos nada, sabemos o que acontecerá,” acrescentou.
Com a decisão de romper a participação no acordo, Trump diz que aplicará pesadas sanções económicas ao Irão (que mais tarde a Casa Branca disse que abrangerão os setores energético, petroquímico e financeiro) e a países que apoiem o regime. As entidades que hoje mantêm negócios com o Irão terão um período de transição para porem fim às relações comerciais com o país e os que não o fizerem arriscarão “pesadas consequências”.
“Se deixasse este acordo continuar, haveria em breve uma corrida ao armamento nuclear no Médio Oriente. Todos quereriam estar prontos para quando o Irão tivesse armas,” justificou, acrescentando que os mecanismos de monitorização do acordo não têm funcionado. E prometeu trabalhar com os aliados para chegar a uma solução “real, completa e duradoura” para a “ameaça nuclear” iraniana.
Concluído em julho de 2015 entre o Irão e o grupo 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – EUA, Rússia, China, França e Reino Unido – e a Alemanha), o acordo visa, em troca de um levantamento progressivo das sanções internacionais, assegurar que o Irão não desenvolve armas nucleares.
Conseguido depois de 21 meses de duras negociações, o acordo foi assinado, por parte dos Estados Unidos, pelo antecessor de Trump, Barack Obama. “Foi um acordo unilateral horrível que nunca – nunca – devia ter sido feito. Não trouxe paz e nunca trará,” acrescentou o atual inquilino da Casa Branca. “Os EUA não mais farão ameaças vazias. Quando faço promessas, cumpro-as,” avisou.