O ex-Presidente permanece dentro do prédio, em São Bernardo do Campo, e, segundo a sua assessoria, irá falar ainda hoje aos apoiantes, num palco já colocado no local.
Os apoiantes, desde militantes do Partido dos Trabalhadores (PT, de que Lula foi líder durante muitos anos) a dirigentes associativos e representantes de outras forças partidárias de esquerda, lotam as imediações do prédio e esperam para ouvir o discurso de Lula, que tem uma intimação judicial para se apresentar para ser detido hoje até às 17:00 horas locais (21:00 em Lisboa).
A assessoria do ex-Presidente já assegurou que Lula da Silva não se irá apresentar na Polícia Federal como fora decretado pelo juiz Sérgio Moro mas mais nada foi anunciado.
O clima no local é de tensão e os apoiantes pedem a Lula da Silva para não se entregar.
João Luiz Assirati, um físico de 46 anos, também considera que Lula deve esperar para ser preso no sindicato, o espaço onde ganhou nome como opositor da ditadura militar brasileira.
“Ele deve esperar que a polícia o prenda como um gesto de protesto político”, afirmou Assirati, que promete não sair do local.
Mais do que apoiar a política de Lula da Silva, Assirati justifica a decisão de se juntar aos apoiantes do ex-Presidente para lutar “contra a condenação injusta e chamar atenção do mundo para o estado de exceção que existe no Brasil” hoje em dia.
Hoje, “tentar impedir a polícia de o levar daqui é um gesto político. A mobilização hoje é das pessoas mais politizadas, mas quando o povo perceber que a vítima hoje não é só o Lula ele vai reagir”, acrescentou.
A defesa de Lula da Silva tinha inicialmente apresentado um ‘habeas corpus’ junto do Supremo Tribunal Federal (STF) que foi recusado na quarta-feira pela maioria dos 11 juízes do tribunal.
O antigo chefe de Estado brasileiro foi condenado a 12 anos e um mês de prisão, em regime fechado, no Tribunal Regional da 4.ª Região (TRF4, segunda instância) em janeiro.
A prisão do ex-chefe de Estado está relacionada com um dos processos da Operação Lava Jato, o maior escândalo de corrupção do Brasil. Lula foi condenado por ter recebido um apartamento de luxo como suborno da construtora OAS em troca de favorecer contratos com a petrolífera estatal Petrobras.
A execução provisória da pena não deverá impedir juridicamente a candidatura presidencial de Lula da Silva, à frente nas sondagens para as eleições de outubro.
com Lusa