Em Washington, uma multidão percorria as avenidas entre a Casa Branca e o Capitólio, com a imprensa local a dar conta de mais de meio milhão de pessoas, adolescentes e adultos, a pedirem medidas para que se ponha fim à violência armada.
O protesto nacional surgiu em reação ao massacre de 14 de fevereiro, quando 17 pessoas foram mortas num liceu da Florida. A frustração tem aumentado face à inércia dos legisladores e dos poderes públicos, que manifestam reservas em agir contra o poderoso ‘lobby’ norte-americano das armas de fogo, a NRA.
Na gigantesca manifestação de Washington viam-se cartazes a pedir que a situação não se repita.
“Hoje é o começo de um novo e brilhante futuro para o nosso país. Saímos à rua para exigir leis de controlo de armas. Nós somos a mudança”, afirmou perante a multidão Cameron Kasky, um dos sobreviventes do tiroteio de 14 de fevereiro na Florida.
Kasky, de 17 anos, foi um dos organizadores desta “Marcha pelas nossas vidas”.
“É assustador ir à escola sabendo o que se está a passar, é muito triste. Queremos uma solução em breve”, disse à agência Efe Dayana Batres, uma estudante de 14 anos de uma escola secundária de Maryland, que participou neste protesto com a mãe e duas irmãs.
“Temos medo de ir à escola porque não sabemos se seremos os próximos”, explicou Lauren Tilley, de 17 anos, citada pela AFP, que se deslocou da Califórnia para participar na iniciativa.
Desde o início do ano, já foram registados 33 incidentes com armas em centros educativos nos Estados Unidos, segundo dados da organização Everytown for Gun Safety.

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George Clooney, Oprah Winfrey e Steven Spielberg apoiam o movimento
As marchas deste sábado têm o apoio de personalidades públicas americanas. O ator George Clooney e a sua mulher, a advogada de direitos humanos Amal, doaram meio milhão de dólares para o movimento. Oprah Winfrey e Steven Spielberg também deram o seu apoio, e o ator Bill Murray comparou as manifestações deste sábado com os protestos contra a guerra do Vietname na década de 1960.
No palco principal, no centro de Washington, os oradores se alternavam no microfone com apresentações de cantores como Ariana Grande, Demi Lovato, Miley Cyrus e Jennifer Hudson, que perdeu a mãe e irmão num tiroteio em 2008.
Não foi apenas o centro da capital americana que foi tomado por uma manifestação liderada por jovens – o mesmo aconteceu em aproximadamente uma centena de cidades em todo país.
Um dos protestos teve lugar em Parkland, na Flórida, onde, no mês passado, ocorreu o massacre numa escola. Milhares de pessoas manifestaram-se no parque Pine Trails, no mesmo local onde há pouco mais de um mês os moradores se reuniram para uma vigília pelos 17 mortos.
Em Nova Iorque, cerca de 175 mil pessoas marcharam, segundo o mayor Bill de Blasio. Entre elas, estava o músico Paul McCartney, que caminhou junto com a multidão.”Estes estudantes mudarão os Estados Unidos”, escreveu De Blasio num tweet.
Do outro lado do país, em Los Angeles, a comediante Amy Schumer fez um comovente discurso, diante de milhares de pessoas. “Estão a matar crianças”, afirmou ela, referindo-se às organizações pró-armas.