O movimento promete juntar professores e auxiliares de educação, médicos e enfermeiros, pilotos e controladores aéreos, advogados e oficiais de justiça, entre muitos outros. No total, podem ser mais de 5,4 milhões nas ruas. Os funcionários públicos franceses querem esta quinta-feira demonstrar o seu repúdio pelas reformas propostas pelo Governo do Presidente Emmanuel Macron.
Paris e as principais cidades gaulesas podem ficar praticamente paralisadas devido às greves na generalidade dos departamentos do estado e dos transportes em particular. Na área metropolitana da Cidade Luz prevê-se que metro, autocarros e também os comboios cumpram apenas serviços mínimos e alguns sindicatos nem isso garantem.
É o caso das organizações representativas dos ferroviários. A companhia nacional dos caminhos de ferro, a SNCF, criada há oito décadas, dá emprego a mais de 200 mil indivíduos, conhecidos por cheminots, e a maioria dispõe de invejáveis condições de trabalho que o Executivo pretende alterar. Desde uma privatização parcial da empresa, passando a sociedade anónima, além do encerramento de várias linhas não rentáveis e de mudanças radicais no estatuto laboral dos funcionários – que contam com emprego vitalício, habitação fornecida pela SNCF, seguros de saúde, salários acima da média e possibilidade de reforma antecipada com todos os privilégios – o teste para o Executivo, que tenta desvalorizar os protestos, é por demais óbvio.
Os ferroviários contam a solidariedade dos outros funcionários públicos por todos temerem que o chefe de Estado cumpra uma das suas promessas de campanha: modernizar e reduzir o peso do setor estatal e despedir cerca de 120 mil pessoas. Os cheminots garantem que vão resistir e já se conhecem algumas das suas medidas: depois da greve desta quinta-feira, vão paralisar dois em cada cinco dias, com início a 3 de abril e a mobilização irá prolongar-se até 28 de junho, “caso não haja acordo com este governo autoritário”, no dizer dos sindicatos.
E na sexta-feira, 23, será a vez dos trabalhadores da Air France fazerem uma greve que pode ter repercussões nos céus de toda a Europa. Pilotos, comisssários de bordo e pessoal de terra exigem aumentos salariais de seis por cento e ameaçam replicar a luta a 26. O estado de graça de Emmanuel Macron desapareceu e tem agora boa parte da sociedade francesa contra si. Por este caminho, o Presidente vai mesmo ter de travar a fundo nas suas reformas. Se calhar até mesmo aquela que está prevista entrar em vigor a 1 de julho: reduzir de 90 para 80 quilómetros por hora a circulação nas estradas secundárias.