O ministro da Administração Interna espanhol, Juan Ignacio Zoido, entrevistado hoje na rádio Antena 3, revelou que as forças de segurança estão a trabalhar de forma “muito intensa” para impedir que Puigdemont entre em Espanha e apareça no Parlamento catalão no dia da sua eventual investidura.
“Estamos, sem dúvida, muito preocupados com essa conduta, porque não se sabe o que pode fazer e estamos a estudar todas as possibilidades que temos”, disse Zoido, acrescentando que as forças de segurança vão tentar que Puigdemont “não entre [na Catalunha], nem [que venha] no porta-bagagens de um carro”.
O responsável governamental explicou que a fronteira da Catalunha com a Europa é “muito extensa”, pois há muitos “caminhos rurais por onde pode entrar num helicóptero, num ultra-ligeiro ou por barco”, tendo indicado que está a ser desenhado um dispositivo para evitar que isso possa acontecer.
Juan Ignacio Zoido defendeu o respeito pela legalidade e garantiu que Puigdemont irá responder perante a justiça.
Entretanto, o ex-presidente do Governo regional retirou hoje o pedido para delegar o seu voto de deputado na sessão de investidura, o que leva muitos observadores a pensar que poderia estar a pensar regressar.
O novo presidente do parlamento catalão, Roger Torrent, propôs na segunda-feira o nome do líder separatista para voltar a dirigir o Governo da Catalunha, apesar de todos os obstáculos jurídicos que isso implica.
Roger Torrent, um independentista empossado há duas semanas, quando prometeu privilegiar o “diálogo” entre as forças parlamentares, tomou esta decisão depois de se ter encontrado com todos os partidos com assento na assembleia regional.
Carles Puigdemont disse na segunda-feira num discurso na Universidade de Copenhaga que as forças independentistas irão “em breve” formar um novo Governo regional, apesar das “ameaças” de Madrid.
O líder separatista é procurado pela justiça espanhola, que o acusa de delitos de rebelião, sedição e peculato na sequência da tentativa de criar um estado independente.
O bloco de partidos independentistas tem a maioria dos assentos no parlamento da Catalunha e o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, avisou na semana passada que Madrid irá manter a sua intervenção na Catalunha no caso de Carles Puigdemont tentar regressar ao poder na região.
Se o ex-presidente regional regressar a Espanha será imediatamente preso e no caso de continuar em Bruxelas terá de ser investido à distância, o que os serviços jurídicos do parlamento regional já consideraram ser contrário à Constituição.
As eleições catalãs de 21 de dezembro foram convocadas pelo chefe do Governo espanhol no final de outubro, no mesmo dia em que decidiu dissolver o parlamento da Catalunha e destituir o executivo regional presidido por Carles Puigdemont por ter dirigido o processo para declarar unilateralmente a independência da região.