O Rei Salman e o príncipe Mohammed bin Salman implementaram o “Vision 2030″, um plano económico e social a longo prazo, destinado a modernizar a Arábia Saudita, do qual resultou a cedência do direito de conduzir a todas as mulheres.
Embora seja – sem dúvida – um grande passo na direção da igualdade de género, como nos explica Madawi al-Rasheed, professora de antropologia social na London School of Economics, a medida trata apenas uma pequena parte do problema. É ainda preciso percorrer um grande caminho para atingir a igualdade”.
“Falamos de conduzir como se fosse a coisa mais importante – é importante para o movimento da mulher, mas existem ainda uma série de restrições legais [que oprimem as cidadãs femininas]”, afirma.
Existem pelo menos 8 atividades “normais” em sociedades ocidentais que as mulheres continuam a não poder fazer na Arábia Saudita sem supervisão masculina:
Casar
A permissão para casar deve ser dada pelo tutor legal da mulher, ou wali. O casamento com estrangeiros necessita da aprovação do Ministério do Interior e o casamento com não-muçulmanos é quase impossível.
Viajar
Grande parte das vezes, as mulheres árabes não são autorizadas a sair de casa sozinhas. Mesmo que o sejam, documentos e passaportes apenas podem ser obtidos com a permissão de um tutor masculino.
Abrir uma conta no banco
As mulheres não estão autorizadas a gerir o seu dinheiro numa conta própria, mesmo que tenham autorização para trabalhar.
Vestir-se livremente
O abayas é um casaco longo que cobre todo o corpo da mulher e é de utilização obrigatória em espaços públicos, acompanhado de um lenço sobre a cabeça. No entanto, a cor e decoração do casaco não se encontram reguladas.
Interagir com homens
O convívio com homens não familiares é limitado. Alguns espaços públicos têm secções exclusivas e separadas para “famílias” e para homens.
O direito a um julgamento justo
Aos olhos da lei, um testemunho feminino vale metade de um masculino. As mulheres recebem ainda apenas metade do valor de uma herança face a um irmão masculino.
Procura de cuidados médicos
Qualquer intervenção médica requer o consentimento de um familiar ou tutor masculino.
O direito à custódia dos filhos
Em caso de divórcio, a mulher tem apenas direito à custódia dos filhos até estes terem sete (rapazes) e nove (raparigas) anos.