Em apenas 15 minutos de audiência – um pró-forma institucional já que é o parlamento que aprova o programa do Governo – Theresa May, líder dos Conservadores, disse à rainha Isabel II que iria formar Governo com o apoio dos Unionistas da Irlanda do Norte (DUP, na sigla inglesa).
Depois de sair do Palácio de Buckingham, a primeira-ministra dirigiu-se à sua residência oficial para uma declaração pública e carregou na palavra “segurança”, referindo que “é claro que apenas os partidos Conservador e Unionista têm legitimidade para assegurar a segurança que o Reino Unido precisa através da liderança por maioria na Câmara dos Comuns”. May não deixou de falar no Brexit, assinalando que as negociações começam dentro de 10 dias e terminou com um “agora, vamos trabalhar”.
Apesar da vitória nas eleições, com 318 deputados eleitos (menos 12 do que tinha), os tories perderam a maioria que tinham no parlamento. Se a matemática não deixa dúvidas, já a política é outro campeonato. A líder dos tories teve uma derrota humilhante ao apostar no reforço da sua maioria parlamentar (tinha 330 dos 650 assentos) e Jeremy Corbin, dos Trabalhistas, é o claro vencedor da noite conseguindo mais 29 parlamentares.
Tornou-se claro que Theresa May só poderia fazer uma coligação com os Unionistas da Irlanda do Norte. Os 10 deputados do DUP chegam para a maioria absoluta e as duas forças políticas sempre se deram bem.
Uma fonte do DUP já tinha referido hoje de manhã ao jornal inglês The Guardian que estariam prontos para estar no Governo: “Sempre trabalhámos bem com a senhora May. A alternativa é intolerável. Enquanto Corbyn liderar os Trabalhistas, faremos tudo para que haja um torie como primeiro-ministro”. Mais do que apoiar May, os unionistas são contra Corbyn devido às suas antigas ligações ao IRA (Exército Republicano Irlandês) nos anos 1980.
O que esperar desta coligação?
Ainda é cedo para saber quais os termos exatos das negociações. Mas uma coisa é certa, o DUP vai lutar para ter mais verbas para a Irlanda do Norte. São uma força eurocética, tendo apoiado ferozmente o Brexit, muito embora os resultados do referendo tenham ditado o contrário no país. Cerca de 56% dos eleitores da Irlanda do Norte votaram para permanecer na União Europeia.
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Arlene Foster é, desde janeiro, a líder dos Unionistas da Irlanda do Norte, o partido que vai permitir que Theresa May continue a ser primeira-ministra do Reino Unido
Clodagh Kilcoyne/Reuters
A líder do DUP – a maior força política do país –, Arlene Foster, de 46 anos, foi eleita em janeiro passado e defende posições muito conservadoras: são contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo e contra o aborto.
No manifesto que apresentaram para estas eleições defendem o aumento dos salários, a proteção dos idosos (na Irlanda do Norte os passes de autocarro são gratuitos para os mais velhos), a baixa os custos da eletricidade para as famílias, criar 50 mil novos empregos na Irlanda do Norte, uma completa revisão do sistema de televisão pública (BBC) dado o sucesso da Netflix e Amazon, uma descida dos impostos no setor do turismo ou a revisão dos preços dos barcos que ligam a Irlanda do Norte a Inglaterra.