Milhares de bebés podem ter sofrido malformações provocadas por um medicamento tomado pelas mães durante a gravidez. A informação foi avançada por uma investigação de seis anos do canal britânico Sky News, que deu origem a uma reportagem chamada “Primodos: The Secret Drug Scandal”, do jornalista Jason Farrell.
O canal conseguiu revelar centenas de ficheiros relativos ao Primodos, um medicamento hormonal prescrito a mulheres grávidas durante a década entre de 60. Entre esses ficheiros, que se encontravam no Arquivo Nacional de Berlim, estavam indicações de que uma em cada cinco mulheres que tomavam o Primodos tinha risco de vir a ter um filho com malformações.
Quem chegou a esta conclusão, depois de analisar o medicamento e as mulheres que o tomaram durante a gravidez, foi William Inman, na altura diretor do departamento médico e de saúde do governo.
Depois de descobrir a ligação, William Inman escreveu para a Schering, a farmacêutica que produzia o Primodos, a aconselhá-la a tomar medidas que evitassem problemas legais e médicos. No entanto, conta a reportagem, Inman destruiu a sua investigação para fugir a acusações pessoais.
O regulador médico foi notificado pela primeira vez em 1967, mas só colocou um aviso para o perigo do medicamento oito anos depois, em 1975. “Atenção. Não tomar durante a gravidez. Existe a possibilidade de haver uma associação entre a toma de Primodos durante a gravidez e um aumento da incidência de anormalidades congénitas”, dizia o aviso.
Yasmin Quresh, membro do Partido Trabalhista, referiu que as informações avançadas pela reportagem confirmam alegações de um suposto encobrimento. “Inicialmente, por aquilo que vi, o Comité para a Segurança dos Medicamentos sabia que esta droga estava a causar problemas, mas não fez nada, absolutamente nada”, disse a deputada. “Isto é só a ponta do iceberg. Existem milhares de pessoas com deficiências por causa deste medicamento”.