“O riso de Frauke Petry traz o terror de volta à política alemã. Parece tão simpático. Tão repugnantemente simpático.”
Hans Hütt, colunista no Der Freitag, refere-se nestes termos à líder da AfD.
Quem é ela?
Chegou à liderança da AfD em 2015, depois de uma disputa contra o fundador, Bernd Lucke, que, na despedida, avisou que o partido caíra nas mãos erradas. Química, de 41 anos, mereceu a alcunha de Adolfina, dada a truculenta retórica anti-islâmica e contra a imigração. Casada com um pastor luterano, Sven Petry, separou-se em 2015 para viver com Marcus Pretzell, igualmente político do seu partido – o que levou alguns a chamarem-lhes “Bonnie e Clyde da política alemã”. Em 2007, criou uma empresa para fabricar poliuretano com base numa patente que partilha com a mãe. A fórmula valeu-lhe uma medalha de mérito em 2012. Um ano depois, declarou–se insolvente e passou a dedicar-se exclusivamente à política.
O partido dela
A AfD foi criada em 2013 como formação conservadora, advogando um euroceticismo light. Era crítico em relação à moeda única, ao alargamento e à ajuda aos países do Sul da Europa em dificuldades, Portugal e Grécia. Em 2015, após pequenos sucessos em eleições eleitorais e concluindo meses de lutas intestinas, a fação nacionalista-conservadora, liderada por Frauke Petry, tomou o poder. O partido enveredou por um populismo demagógico de extrema-direita, ao ponto de ser considerado o braço político do movimento xenófobo Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente.
Engorda eleitoral
Depois dos 14,1% nas eleições regionais de Berlim, no passado dia 18, e 20% no Estado de Mecklenburgo-Pomerânia Ocidental, duas semanas antes, a AfD tem representação nos Parlamentos de 10 dos 16 Estados alemães. Agora, o objetivo é tornar-se a terceira força nacional, nas legislativas de 2017.
Petry vs. Merkel
Vieram ambas da Alemanha de Leste e ambas estudaram Ciências Exatas. A ascensão do partido de Petry põe Angela Merkel em causa. A líder da AfD não perde oportunidade para atacar a chanceler, até com a vida pessoal. Petry tem quatro filhos e já usou o facto de Merkel não os ter como arma de arremesso: “Será pior na sua tarefa por não ter filhos e não poder ver para lá da sua esperança de vida.”
A retórica
“A polícia tem de impedir que os migrantes atravessem a fronteira. Se necessário, recorrendo à arma de fogo”, foi uma das declarações mais polémicas de Frauke Petry. Expedita na retórica truculenta, chega a recorrer a terminologia do Terceiro Reich. Recentemente, quis reabilitar o adjetivo völkisch (étnico, numa tradução benévola). Trata-se de um conceito do nacionalismo radical alemão, usado pelos nazis para fundamentar a teoria das raças. As suas tiradas sobre a proibição da circuncisão indignaram a comunidade islâmica e os judeus alemães. A imprensa também foi alvo, quando se dirigiu aos jornalistas com um “caros representantes da imprensa-Pinóquio”.