No rescaldo no massacre numa igreja de Charleston, Carolina do Sul, os investigadores forenses procuram agora pistas que possam explicar a mente do atirador, Dylann Roof, de 21 anos, que matou nove pessoas a sangue frio, na quarta-feira da semana passada.
Joe Navarro, um antigo especialista em perfis criminais do FBI e veterano do contraterrorismo, escreveu um artigo para a Psychology Today em que explica que as motivações racistas do jovem e as suas visões de grandeza encaixam-no em duas categorias comuns de assassinos: os paranóicos e os narcisistas.
A paranóia, neste caso, adiantou Navarro ao Business Insider, refere-se a um medo mais profundo e mais irracional do que a preocupação comum: manifesta-se como o medo constante de que os outros queiram magoar-nos ou matar-nos.
Depois do episódio de Charleston, os investigadores desobriram um manifesto online, que acreditam ter sido escrito por Roof, onde o autor manifesta a convicção de que as pessoas de raça negra são “estúpidas e violentas” e podem ser “traiçoeiras”.
“O que acontece é que, com a idealização paranóica, a única forma de resolver as coisas é através da violência”, adianta o especialista. Como se, perante uma ameaça iminente, os paranóicos decidissem assumir a responsabilidade por eliminá-la.
Mas Dylann Roof não se encaixa só neste tipo de assassinos, uma vez que tem outro traço de personalidade capaz de conduzir ao mesmo efeito: o narcisismo.
“Não estou a falar do narcisismo que faz dar o próprio nome a uma cadeia de hotéis”, explica Joe Navarro, “estou a falar no narcisismo em que apesar de se levar uma vida bastante infeliz ainda se vê a si próprio como superior e os outros como inferiores”.
Segundo o antigo agente do FBI, os assassinos querem reconhecimento pelos seus crimes, como se se tratasse de um feito heróico. “Quando se tem esta combinação tóxica de narcisismo e paranóia, pode-se fazer qualquer coisa, porque se tem justificação”. “Teme-se alguma coisa, odeia-se alguma coisa e sente-se que se tem o direito de lidar com ela seja por que meio for”.