Mais de 200 cadáveres foram encontrados dispostos em fileiras bem organizadas, numa vala comum, debaixo de um supermercado no centro de Paris. O local tinha sido anteriormente o cemitério de um hospital que funcionou entre os séculos XII a XVII. Acreditava-se que os cadáveres tinham sido transladados no século XVIII para as catacumbas de Paris, que conserva os ossos de seis milhões de pessoas, transferidas de vários cemitérios da cidade, há 200 anos.
Os arqueólogos tinham sido contactados pelo supermercado Monoprix para inspecionar o local, antes de serem iniciadas obras no edifício. Ficaram perplexos quando encontraram a enorme colecção de esqueletos, perfeitamente dispostos, na terra da cave da loja.
“Julgámos haver alguns ossos, por se tratar de um antigo cemitério, mas não esperávamos encontrar uma vala comum,” confessou Pascal Roy, o director do supermercado em Boulevard Sébastopol.
Os arqueólogos do Instituto Nacional Francês de Investigação Arqueológica Preventiva planeiam realizar testes de ADN para confirmar as suspeitas de que as pessoas enterradas no cemitério do antigo Hospital de La Trinité possam ter morrido de fome ou de peste. Até ao momento foram descobertos oito túmulos no local, sete dos quais continham as ossadas de mais de vinte indivíduos, enquanto o oitavo continha mais de 150, enterradas em várias camadas.
“O que nos surpreende é que os corpos não foram lançados para os túmulos, foram cuidadosamente colocados. Os indivíduos – homens, mulheres e crianças – foram dispostos em todo o seu comprimento, sem dúvida para poupar espaço,” disse a arqueóloga Isabelle Abadie.
Os corpos aparentam ter sido enterrados ao mesmo tempo, o que sugere que possam ter sido vítimas das pestes que assolaram Paris nos séculos XIV, XV e XVI. Será realizada datação por carbono, para determinar quando ocorreu o enterro em massa.
Os restos mortais serão investigados e estudados, antes do Estado decidir o local que constituirá a última morada dos cadáveres.