Disse-o na altura e reafirma-o agora: estar no governo não foi a melhor experiência da sua vida. Aos 72 anos, o ex-ministro da Economia e do Mar, autor da Visão Estratégica que serviu de base ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), descreve no livro Governar no Século XXI (Bertrand, 352 págs., €19,90) as dificuldades que sentiu ao lidar com a “máquina napoleónica” da Administração Pública. Confessa que “não tinha experiência dos jogos político-partidários, das capelinhas, das cumplicidades” quando integrou, como independente, o governo maioritário de António Costa, mas agora quer contribuir para o debate público com um retrato positivo das potencialidades económicas do País.
Porque escolheu a frase “Superar a incapacidade de ação coletiva” para pós-título do livro?O coletivo deveria ter mais força do que a ação individual…
Somos um povo muito individualista. Falamos pouco uns com os outros, encerramo-nos nos nossos feudos e somos incapazes de desenvolver um compromisso coletivo. Falhamos porque nos perdemos na luta dos egos enfatuados, nas guerras de alecrim e manjerona e não pomos aquilo que nos une à frente daquilo que nos separa para atingirmos os grandes desígnios nacionais, nomeadamente para transformar a economia e criar condições para o desenvolvimento do País.