Perdemos tanto tempo a discutir se estamos a convergir ou a divergir da Europa, ou se vamos ser ultrapassados pela Roménia e pela Hungria, que quase nos esquecemos de que não é só a economia que conta. Um estudo do Banco de Portugal diz-nos que o nível de vida no nosso país está mais próximo do da União Europeia (UE) se considerarmos o índice de bem-estar em vez do PIB per capita. Portugal ocupa a 20ª posição do ranking europeu no PIB per capita (que era de 79% da média da UE em 2022), mas sobe para o 16º lugar quando usamos a medida do bem-estar (era de 87% da média da UE no mesmo ano).
Dois fatores explicam esta melhoria: os portugueses consomem mais, em percentagem do PIB, do que a média dos 27 países europeus e vivem, também em média, mais tempo, o que se traduz num aumento do bem-estar face ao que o seu nível de rendimento per capita, à partida, lhes permitiria. Mas a outra face da moeda não emite tanto brilho. Em Portugal, trabalha-se mais horas e dedica-se menos tempo ao lazer do que na média dos parceiros europeus, e as desigualdades também são maiores. Para o Banco de Portugal, “a diferença entre o índice de bem-estar e o PIB per capita poderia ser maior se o consumo estivesse distribuído de forma mais igual entre os portugueses, e se trabalhassem menos horas”.
