O Governo vai anunciar, esta terça-feira, a escolha de Alcochete para a localização do novo aeroporto na região de Lisboa, após uma reunião do conselho de ministros, confirmou a VISÃO. O anúncio deverá ser feito pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, e pelo ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz.
O investimento vai custar oito mil milhões de euros e levará dez anos a ficar concluído. Até lá, vão ser feitos investimentos para que o atual Aeroporto Humberto Delgado aguente a pressão
Em dezembro do ano passado, a Comissão Técnica Independente apontou Alcochete como a solução com “mais vantagens para o novo aeroporto”, entre as duas soluções viáveis para um hub – aeroporto que funciona como plataforma de distribuição de voos – intercontinental.
Nas suas conclusões, a Comissão defendia que “as opções estratégicas de solução única” eram as que se apresentavam como mais “favoráveis em termos globais”, apontando as hipóteses Alcochete e Vendas Novas.
Vendas Novas apresentava “mais vantagens do ponto de vista ambiental, com menor afetação dos corredores de aves migratórias e de recursos hídricos substerrâneos”, mas, em contrapartida, além de se encontrar mais distante da Região Metropolitana de Lisboa, obrigaria a um período “de implementação mais alargado” pois seriam necessários “mais estudos, bem como um número muito maior de expropriações”. Um problema quase inexistente com a escolha de Alcochete pois a grande parte desta infraestrutura ficará situada em terrenos pertencentes ao Estado.
A opção Humberto Delgado + Montijo, foi considerada desvantajosa a longo prazo porque “apenas iria adiar o problema do aumento da capacidade aeroportuária” de Lisboa, para além de ser a que apresentava impactos ambientais mais negativos.
A Comissão considerou ainda que Santarém não seria viável como infraestrutura única alternativa ao Aeroporto Humberto Delgado “devido às limitações aeronáuticas militares existentes”. Como projeto dual (manter a Portela e construir Santarém), este projeto tinha algumas vantagens, pois permitiria “ultrapassar no curto prazo as condicionantes criadas pelo contrato de concessão”, mas ficiaria com um número limitado de movimentos o que não permitiria satisfazer a a capacidade aeroportuária necessária para o longo prazo.
Baralhar e voltar a dar
Antes de ser eleito, Luís Montenegro anunciou que iria criar um grupo de estudo para analisar a decisão da Comissão Técnica Independente, mas, agora, como primeiro-ministro, acabou por seguir as recomendações feitas por esta entidade, indo ao encontro da decisão do anterior Executivo.
O anúncio do Governo irá por fim a um impasse de mais de cinco décadas. A localização do novo Aeroporto de Lisboa começou a ser discutida em 1969 e chegou a ter uma solução aprovada em 1971, que nunca saiu do papel. De Rio Frio a Sintra, passando pela Ota, esta infraestrutura já conheceu cerca de 20 potenciais localizações, mas apenas nove chegaram ao crivo da Comissão Técnica Independente.
As escolhas fundamentaram-se em dez critérios de viabilidade como a proximidade ao centro de Lisboa, a existência de área suficiente para futura expansão, ser dotada de infraestrutura rodoviária e ferroviária, número de pessoas afetadas, conflitos com espaço aéreo militar, impacto ambiental, entre outros.
Excluídas ficaram desde logo opções como a Ota que, apesar de “bem posicionada” em termos de acessibilidade não tinha “área para expansão”, além de vários problemas detetados para a segurança aérea, bem como riscos de inundações. De fora ficaram ainda possibilidades como Beja, Monte Real, Évora e Tancos por “não cumprirem critérios de proximidade” e, no caso da última localização, pesou também o facto de ser uma estrutura “extraordinariamente importante” no combate a incêndios e à sua posição estratégica do ponto de vista militar.