O mundo vive de choque em choque, na energia. E, quando parece que uma crise foi ultrapassada, surgem novos desafios. Este guião repetiu-se nas últimas semanas: depois de terem resistido ao choque do fim do gás russo, os países europeus e os bancos centrais ocidentais contavam com uma acalmia nos preços do gás e do petróleo, que ajudasse a economia e, ao mesmo tempo, retirasse combustível à inflação. Mas essa relativa tranquilidade foi interrompida pelo anúncio inesperado, no início deste mês de abril, de um corte de produção por parte da OPEP+, o grupo que inclui os 13 países que fazem parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e dez outros Estados, entre os quais a Rússia, que forjaram uma aliança com aquela organização.
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A redução voluntária da produção será de cerca de 1,16 milhões de barris por dia, a partir de maio e até, pelo menos, ao final do ano. E a maior parte da redução virá da Arábia Saudita. “Esta é uma medida preventiva destinada a apoiar a estabilidade do mercado petrolífero”, argumentou a OPEP+, para justificar a decisão, que apanhou praticamente todos os analistas desprevenidos. Alguns observadores defendem mesmo que é difícil ver o racional económico desta ação. “A decisão de reduzir a oferta é bastante estranha”, considera Warren Patterson, num relatório. O responsável de análise de matérias-primas do banco ING nota que as dinâmicas do mercado já eram favoráveis à subida dos preços. A medida da OPEP+ poderá significar ainda mais aumentos na cotação, para valores bem acima dos atuais 85 dólares o barril, o que pode agravar a inflação e dificultar a tarefa dos bancos centrais.