Os casinos nacionais continuam todos abertos, em pleno funcionamento e sem grandes sinais de abrandamento na atividade, mas a tensão está a crescer entre os funcionários, que se sentem inseguros e pedem o seu encerramento. A informação foi confirmada à VISÃO pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Salas de Jogo (STSJ), Carlos Teixeira, que lamenta que os responsáveis sejam mais sensíveis “aos milhões que a estas questões” de saúde pública.
Numa altura em que o Executivo decidiu encerrar escolas, bares, discotecas e limitar a lotação de restaurantes, os casinos parecem ter ficado esquecidos.
Questionado, Carlos Teixeira garante que ainda não houve qualquer indicação por parte da Secretaria de Estado do Turismo, que tutela a atividade, sobre um possível encerramento das salas. A VISÃO sabe, no entanto, que essa decisão pode acontecer num futuro próximo, uma vez que as medidas que o Governo tem estado a tomar em relação à pandemia têm surgido de forma dinâmica ao longo de toda a semana.
Na mesma ocasião, Carlos Teixeira deu conta da preocupação dos funcionários das salas de jogo, que têm manifestado os seus receios aos seus superiores hierárquicos, mas sem grande sucesso.
“Não nos foi dito nada, mas efetivamente há uma grande preocupação por parte dos trabalhadores em todos os casinos. Porque como sabe, os casinos têm uma frequência grande e com muita diversidade – pense nos casinos da Madeira, da Póvoa, de Lisboa, do Estoril que recebem imenso turistas. São sítios com muita possibilidade de transmissão [do vírus]”, alertou o presidente do STSJ.
“Há escolas que já encerraram, tribunais, lares, pessoas que não podem ser visitadas…todo um conjunto de medidas que estão a ser tomadas. E nós entendemos que os casinos devem fechar de imediato e que voltam a abrir quando isto passar”, acrescentou ainda. “Devia ser uma medida a ser tomada de forma imediata e já e por tempo indeterminado”, reforçou.
Carlos Teixeira lamentou ainda que os responsáveis das salas de jogo não estejam a ser sensíveis a questões pessoais dos funcionários, referindo o caso do trabalhador de um dos casinos que, tendo dois filhos com doenças crónicas, pediu autorização para trabalhar de máscara, o que não lhe foi permitido. “Vemos as pessoas transitarem em todo o lado com máscaras e não sei porque aqui não poderiam trabalhar dessa forma. Isto é uma situação excecional”, lembra o responsável. Para não pôr em causa a saúde dos filhos, o funcionário tem ido trabalhar todos os dias, “cumpre o horário, mas não faz as suas funções” porque representaria um risco real para a saúde da família.
Por outro lado, outro funcionário relatou à VISÃO que também a proposta de os funcionários usarem luvas de proteção não foi acolhida. Como resultado do receio dos trabalhadores, tem subido o número de baixas, com vários fundamentos, por ser a única forma que alguns deles encontram de não estar expostos a um risco que está a ser poupado a outras atividades profissionais.
A VISÃO contactou o Estoril Sol, que opera os casinos de Lisboa e Estoril, entre outros, para obter declarações da administração, mas até ao momento não obteve qualquer resposta.
Para já, as salas de jogo continuam abertas, numa altura em que o País inteiro entrou em Estado de Alerta, com os pedidos de isolamento e distanciamento social a serem reforçados constantemente. Recorde-se que Portugal tem, atualmente, 112 casos confirmados de infeção por COVID-19, já tem um caso curado e seis outros pacientes tiveram esta sexta-feira alta clínica do hospital de São João, precisando apenas de continuar isolados, mas podendo fazê-lo nas suas casas.