É entre rigorosas medidas de segurança que é aguardada esta sexta-feira, 6, a visita de Barack Obama ao Porto, para participar na Climate Change Leadership Porto Summit 2018 . Apesar de o ex-presidente dos Estados Unidos ficar apenas umas horas no Porto – deverá fazer a sua intervenção entre as 15 e as 16 horas – a rua Passos Manuel, onde se situa o Coliseu, ficará encerrada ao trânsito durante todo o dia.
A aguardá-lo estarão à volta de 2200 pessoas, na sua esmagadora maioria, quadros de cerca das duas dezenas de empresas que se associaram à iniciativa promovida pela Taylor’s, Câmara Municipal do Porto, Associação Comercial, Instituto da Vinha e do Vinho, The American College in Spain e a americana Advanced Leadership Foundation. O facto de a assistência ser constituída por pessoas que ocupam cargos de liderança nas empresas foi um dos aspetos que motivou Obama a estar presente, uma vez que a atividade da sua própria fundação está vocacionada para este tipo de público. Empresas como a Sonae, Grupo Amorim, Toyotta, Bial foram alguns dos contribuintes líquidos da iniciativa, a par de entidades públicas como o Turismo de Portugal.
Soluções para a indústria do vinho de dois em dois anos
Mais do que discutir o impacto das alterações climáticas, esta conferencia internacional pretende discutir soluções. Como diz Adrian Bridge, presidente da Taylor’s (The Fladgate Partnership), já não há tempo para discussões e a urgência remete para a ação. E quem tem capacidade de agir são precisamente as empresas e as entidades públicas.
Trocar experiências e soluções, de modo a que se estabeleça um compromisso para alcançar um objetivo comum, é o que estará na base da assinatura, logo a abrir a conferência, do Porto Protocol. Este documento estabelecerá um conjunto de princípios, regras e objetivos para a comunidade empresarial que se quer envolver na luta contra as alterações climáticas.
Juan Verde, presidente da Advanced Leadership Foundation – a instituição americana que intermediou a vinda de Obama ao Porto – falará antes do ex-presidente dos Estados Unidos, moderando depois uma conversa com Obama acerca dos grandes desafios do impacto das alterações climáticas no mundo. Mas antes disso, descreverá alguns exemplos de como a economia verde pode reduzir os riscos ambientais e a escassez ecológica, criando desenvolvimento sustentável sem degradar o meio ambiente. A ideia é defender a sustentabilidade, a energia renovável, o agronegócio e a biomedicina como o novo modelo do desenvolvimento económico.
Durante a manhã, o palco pertencerá a Mohan Munasinghe, ex-Vice-Presidente do IPCC e Nobel da Paz, em 2007, seguido de Irina Bokova, ex- Directora geral da UNESCO.
Mohan Munasinghe nasceu no Sri Lanka, mas o seu percurso académico de físico e economista acabou por torná-lo um especialista das alterações climáticas, focado nos recursos hídricos e nas fontes de energia. Algo que lhe valeu o Nobel da Paz, em conjunto com Al Gore, que também fez do tema o seu campo de batalha. Com vários livros publicados, hoje tem o seu próprio Instituto (Munasinghe Institute for Development – MIND) e é vice-presidente do IPCC, um painel intergovernamental sobre mudanças climáticas e que estuda várias soluções. É neste sentido que se prevê que seja ele a mostrar as mais recentes descobertas que podem constituir soluções ou ajudar a adaptar aos novos tempos
Irina Bokova falará sobre as consequências das mudanças climáticas no património mundial e o que deve ser feito para a sua proteção. Será ela a detalhar os programas da Unesco nas áreas de Ciencias, Educação e Cultura para que a mensagem passe de forma mais eficaz para as gerações futuras.
Depois desta iniciativa, a Taylor’s promoverá, no início de março de 2019, uma outra iniciativa para discutir experiencias e soluções que minimizem o impacto das alterações climáticas especificamente na indústria do vinho, comprometendo-se a fazer da cidade do Porto o palco principal desta discussão a nível internacional, com uma periodicidade bianual.