“As projeções de curto prazo de Portugal melhoraram de forma considerável, suportadas por uma recuperação no investimento e um crescimento contínuo das exportações, ao mesmo tempo que a recuperação na zona euro ganhou força”. Este é o balanço que o Fundo Monetário Internacional (FMI) faz para Portugal, num comunicado agora divulgado.
Mostrando-se otimista, elogia o governo português e revê em alta as perspetivas de crescimento da economia, que pode assim crescer 2,5% este ano, possibilitando que se cumpra “de forma confortável” os 1,5% estipulados para a meta do défice. “Um crescimento mais forte, juntamente com o forte compromisso das autoridades em conter a despesa, deve permitir alcançar a meta de forma confortável”, afirma o FMI. Na verdade, o FMI está mesmo mais confiante que o governo de António Costa, que estima um crescimento do PIB de 1,8%.
Na origem desta nova análise do FMI está a recuperação do investimento, sustentada no turismo e no setor da construção, bem como no aumento das exportações, no emprego e nos índices de confiança económica. Relativamente ao turismo, o FMI estima que as receitas voltem a crescer, este ano, em torno dos dois dígitos e um crescimento de 7,6% das exportações. “Condições favoráveis”, diz o FMI, que criam “uma oportunidade auspiciosa para uma redução mais ambiciosa da dívida pública este ano”. De acordo com o programa de estabilidade 2017-2021, o governo prevê reduzir a dívida pública dos 130,4% para os 109,4% em 2021.
Cuidado com o financiamento e a Banca
O FMI lança, porém, alguns alertas. “Uma consolidação orçamental estrutural e duradoura continua a ser essencial para garantir a sustentabilidade das finanças públicas, numa altura em que é provável que as condições de financiamento se tornem menos positivas, à medida que os estímulos monetários comecem a ser, eventualmente, reduzidos”, lê-se no comunicado, numa alusão à diminuição das ajudas do BCE. “Um ajustamento focado numa reforma para melhorar a eficiência da despesa pública seria mais amigo do crescimento e ajudaria a reforçar as perceções dos investidores quanto à previsibilidade do regime fiscal ao longo do horizonte de investimento.”
Prevendo que a economia desacelere em 2018, o FMI chama a atenção para o perigo que pode representar o stock elevado de crédito malparado na banca, assim como os níveis elevados de endividamento do setor empresarial, capazes de prejudicar o investimento privado, “essencial” para sustentar o crescimento de médio prazo.
No entender do FMI, a banca portuguesa continua a “enfrentar inúmeros desafios, como a fraca qualidade de ativos, fraca rentabilidade e ‘almofadas’ de capital limitadas”. Isto apesar do “progresso notável” feito em Portugal com as entradas de capital para estabilizar o setor financeiro. E defende que continuem a ser feitos “esforços ambiciosos” por parte da banca, que devem proceder a uma “limpeza alargada” dos seus balanços e avançar com planos credíveis para reestruturar e vender ativos.
O FMI defende ainda reformas estruturais para impulsionar o investimento e a produtividade, para aumentar o crescimento potencial da economia no médio prazo, como “um mercado de trabalho mais flexível, onde os aumentos estão alinhados com a produtividade” ou medidas para tornar os processos judiciais mais eficientes.