A notícia é “fresquinha”: a Academia Real Sueca de Ciências acabou de atribuir o Nobel da Economia ao britânico Oliver Hart (professor em Harvard) e ao finlandês Bengt Holmström (docente no MIT), pelos seus estudos sobre a teoria dos contratos.
Não se trata de nenhum “bicho de sete cabeças”. Em causa estão os estudos de como contratos de seguros, de trabalho ou de compra de casa refletem a vontade das partes que os celebram ou não – falhando os objetivos.
Normalmente, este é o último prémio a ser anunciado (depois do da Medicina, Física, Química, Paz e Literatura), embora este ano o da Literatura tenha sido adiado – deverá ser conhecido na próxima quinta-feira, dia 13.
A questão é que o ‘Nobel da Economia’ não é um prémio Nobel.

De facto, o testamento de Alfred Nobel, datado de 27 de novembro de 1895, define apenas cinco prémios: Física; Química; Medicina; Literatura; Paz. É para premiar os melhores nestas áreas que o engenheiro e químico, conhecido por ter inventado a dinamite, reserva parte da fortuna.
A Fundação Nobel atribui os cinco prémios desde 1901. Os primeiros a receber o Nobel da Paz, por exemplo, foram os humanistas Jean Henry Dunant e Frédéric Passy, fundadores da Cruz Vermelha e da Société Française pour L’arbitrage Entre Nations, respectivamente.
Nesse ano de 1901, foi o poeta Sully Prudhomme quem ganhou o Nobel da Literatura, inaugurando uma lista que viria a incluir nomes como Mario Vargas Llosa, John M. Coetzee, John Steinbeck, Albert Camus ou Hermann Hesse.
Só em 1969 foi criado o ‘Nobel da Economia’. Na verdade, este prémio surgiu a propósito do 300.º aniversário do Sveriges Riksbank (Banco Central da Suécia) e recebeu o nome Prémio do Sveriges Riksbank em Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel.
Os galardoados da Economia também são escolhidos pela Academia Real Sueca de Ciências, tal como os Nobel da Física e da Química (o Nobel da Paz, que é definido por uma comissão do parlamento norueguês), mas não é a Fundação Nobel quem paga o prémio, vindo o dinheiro do banco central sueco. O “em memória de Alfred Nobel” é que veio lançar toda a confusão.
Há muito que o mundo trata o ‘Nobel da Economia’ como se fosse, de facto, um Nobel. A identificação é generalizada. Exceto entre a família de Alfred. “O meu bisavô não gostava de economistas”, resume Peter Nobel, advogado de direitos humanos e uma das principais vozes da família a contestar o facto de este prémio do Sveriges Riksbank incluir o nome do seu bisavô.
Considerando este prémio “uma jogada de marketing”, Peter Nobel critica ainda o facto de ser frequentemente “concedido a especuladores”. Aí, a Fundação Nobel é taxativa, dizendo que a família não participa na seleção dos galardoados.
E os galardoados de 2016 vêm juntar-se a uma lista de meia centena, entre os quais figura apenas uma mulher (Elinor Ostrom, em 2009)