A “lenta recuperação” da economia traz “riscos significativos” para Portugal, dizem as previsões da primavera da Comissão Europeia (CE) agora divulgadas, que revê em baixa os principais indicadores do país e fica aquém das estimativas apontadas pelo Governo. Entre outras razões, Bruxelas diz que o crescimento económico de Portugal pode ser “prejudicado pela incerteza política”, pelo “desenvolvimento dos mercados financeiros e uma pressão persistente da desalavancagem sobre o setor privado”.
No entender da CE, “a recuperação da economia portuguesa continua a ser modesta e impulsionada principalmente pela procura interna”, o que pode criar “elevados desequilíbrios macroeconómicos”. Daí que todas as políticas avançadas pelo governo de António Costa para estimular o consumo interno sejam vistas como tendo efeitos de “curto prazo”, perdendo eficácia á medida que se verifica a “subida dos impostos indiretos e um ligeiro acréscimo dos preços da energia”.
Uma diminuição do ritmo de crescimento das exportações, e uma subida da dívida pública, deve ser tido em conta para que o governo tenha efetivamente um plano B. Nesse sentido, a CE chama a atenção para a necessidade de criar novas medidas de consolidação e de um entendimento parlamentar sobre onde fazer novos cortes e impor mais medidas de austeridade.
À espera dos fundos estruturais
Bruxelas revê, assim, em baixa o crescimento económico esperado para este ano, e em vez de uma subida, este ano, do Produto Interno Bruto de 1,6% (como apontava no Inverno), prevê agora apenas 1,5%. Cenário idêntico é antecipado para 2017, no qual o crescimento anteriormente previsto de 1,8%, passa para 1,7%.
Tudo abaixo do compromisso do governo português, cujo Programa de Estabilidade já entregue a Bruxelas se compromete com um crescimento de 1,8% do PIB, em 2016 e 2017.
Quanto à taxa de desemprego, ela deve permanecer acima dos dois dígitos nos próximos anos, atingindo 11,6% da população ativa este ano, mas baixando para 10,7% no próximo ano.
Haverá também um “abrandamento significativo, principalmente no investimento empresarial, que se deve sobretudo a um efeito de arrastamento negativo, face ao fraco investimento em equipamentos verificado na segunda metade de 2015″. Mas no próximo ano, “o crescimento do investimento deve ganhar um novo impulso, suportado por fundos estruturais da União Europeia e pela melhoria das condições de financiamento”.