E a grande campeã das exportações é a Petrogal. Esta subsidiária da Galp Energia é a única refinadora no nosso País, responsável por transformar petróleo em produtos refinados, que depois distribui em Portugal, Espanha, Cabo Verde, Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Gâmbia e outros países africanos.
Mas como o petróleo, em Portugal, não jorra por entre as pedras, a Petrogal também é, por ironia, a nossa maior importadora, num ranking que a Galp domina, já que o seu negócio do gás natural ocupa o segundo lugar.
Aliás, nestas listas elaboradas pelo Instituto Nacional de Estatística, é comum encontrar empresas que constam das duas. A Volkswagen Autoeuropa é a segunda maior exportadora, com 99,1% da sua produção a ser vendida lá fora. No entanto, muitas das peças dos veículos que fabrica são compradas além-fronteiras, ficando esta subsidiária alemã com um significativo terceiro lugar na lista das maiores importadoras.
Aliás, a indústria automóvel domina este ranking do desequilíbrio: a Mercedes Benz, a BMW Portugal, a Siva (que distribui as marcas do grupo Volkswagen em Portugal) e a Faurécia (fabrico de sistemas de escape) integram a lista. Assim como as grandes cadeias de distribuição (Continente, Pingo Doce e Lidl).
“Isso não é necessariamente negativo”, defende o economista Manuel Caldeira Cabral. “Em relação à indústria automóvel, mostra que fazemos parte da grande cadeia de produção que está montada por toda a Europa”, acrescenta.
Já em relação às cadeias de distribuição, este professor da Universidade do Minho defende que deviam insistir no esforço de incluir mais produção nacional, quando esta existe. De qualquer forma… “Os consumidores querem ter acesso a uma grande diversidade de produtos e isso tem de incluir, necessariamente, produtos de outros países”, nota.
Mas as cadeias de distribuição não estão entre as 10 maiores exportadoras, ao contrário da indústria automóvel, que inclui no ranking empresas como a Continental Mabor, a Volkswagen, a Faurécia, a Bosch Car Multimedia e a Delphi.
A vender lá fora em grande está ainda a Portucel Soporcel (produtor de pasta e de papel) e a Philip Morris International Management (a Tabaqueira).
Para o economista Manuel Caldeira Cabral a lista das grandes exportadoras reflete a mudança de perfil das nossas vendas ao exterior desde o final dos anos 90. “Portugal deixou de exportar tantos bens de baixa tecnologia (caso dos têxteis, do vestuário e do calçado) para passar a exportar bens de tecnologia média e média-alta (caso da indústria automóvel). É uma evolução importante, embora ainda não chegue à alta tecnologia”, afirma.
Das poucas coisas que a crise trouxe de bom ao nosso País foi o equilíbrio da balança comercial. Entre janeiro e agosto de 2015, segundo dados do Banco de Portugal, comprámos bens e serviços ao exterior no valor de 46,7 mil milhões de euros; e vendemos outros bens e serviços por 49 mil milhões de euros. O saldo é positivo e chega aos 2,3 mil milhões.
No entanto, já somos deficitários no que diz respeito aos bens, com um saldo negativo de 5,6 mil milhões de euros. Salvam-nos os serviços, nomeadamente os transportes, as viagens e o turismo, com um saldo positivo de 7,9 mil milhões de euros.
O ranking das 10 maiores exportadoras…
1 – Petrogal
2 – Volkswagen Autoeuropa
3 – Portucel Soporcel
4 – Continental Mabor
5 – Repsol
6 – Faurécia
7 – Philip Morris
8 – Volkswagen
9 – Bosch Car Multimedia
10 – Delphi
…e o das 10 maiores importadoras
1 – Petrogal
2 – Galp Gás Natural
3 – Volkswagen Autoeuropa
4 – Siva
5 – Pingo Doce
6 – Mercedes Benz
7 – Faurécia
8 – BMW Portugal
9 – Lidl
10 – Modelo Continente