AFINAL QUEM MANDAVA NO GRUPO?
“Eu não era responsável pelo GES como um todo. A delegação de poderes era a única forma de funcionar. Num mundo como o BES é impossível saber-se tudo.
Todos os ramos da família tinham responsabilidades paritárias e ninguém tinha a supremacia de voto nas reuniões do Conselho Superior. Eu era responsável pela área financeira.”
RICARDO SALGADO, LÍDER DO GRUPO ESPÍRITO SANTO
“Toda a gente sabe que, quer o BES quer o GES, tinham uma liderança completamente centralizadora. Fico muito surpreendido agora em saber que ninguém sabia de nada e que essa liderança era completamente alheia a tudo o que se passava.”
JOSÉ MARIA RICCIARDI, PRESIDENTE DO BES INVESTIMENTO
“Falar do GES é falar numa única pessoa: Ricardo Salgado. Nada se fazia sem ele. Por isso, acho impossível ele não saber de nada.”
PEDRO QUEIROZ PEREIRA, PRESIDENTE DA SEMAPA
“[Salgado] geria o banco num regime presidencialista. Sabia de tudo, até aos pormenores.
[.] Eu era o braço-direito, o esquerdo e o mindinho. Mas havia pessoas muito importantes no banco. Uma delas era o dr. Ricciardi.”
AMÍLCAR MORAIS PIRES, ADMINISTRADOR DO BES
“[Ricardo Salgado] mereceu sempre a confiança de todos porque era o membro sénior da família. Teve êxito no crescimento do BES e do GES e, por isso, toda a tesouraria estava unificada e confiada a Ricardo Salgado.”
MANUEL FERNANDO ESPÍRITO SANTO SILVA, PRESIDENTE DA RIOFORTE
SUCESSÃO NO BES
“Perdeu-se uma semana por causa de um braço de ferro entre Ricardo Salgado e o Banco de Portugal por causa de um nome [o de Morais Pires para suceder a Salgado na liderança do BES].”
CARLOS COSTA GOVERNADOR DO BANCO DE PORTUGAL
“Ouvi surpreendido as declarações do senhor governador do BdP [na comissão de inquérito] dizendo que tinha tido um braço de ferro comigo.”
RICARDO SALGADO
O AFASTAMENTO DE SALGADO
“Se pudesse, tirava a idoneidade a Ricardo Salgado. Mas não tinha poderes [.]. Todo o processo de investigação de indícios suscetíveis de ter impacto na idoneidade dos respetivos administradores, iniciado em setembro de 2013, foi rodeado da devida precaução e ponderação.”
CARLOS COSTA
“[O Banco de Portugal] usou os elementos ao seu dispor para forçar a saída de Ricardo Salgado a persuasão moral feita, adiando sucessivamente o novo registo para Ricardo Salgado pudesse desempenhar funções em várias entidades financeiras.”
PEDRO DUARTE NEVES, VICE-GOVERNADOR DO BANCO DE PORTUGAL
“Bastaria [o governador do Banco de Portugal] ter feito um sinal para eu sair e eu sairia na hora.”
RICARDO SALGADO
FALÊNCIA DO BES
“Os prejuízos semestrais [de 3,6 mil milhões de euros] apresentados pelo BES no dia 30 de junho conduziram a uma intervenção inevitável.
Os factos que conduziram a esta situação tiveram por base práticas ilícitas graves.”
CARLOS COSTA
“O BES não faliu, foi forçado a desaparecer [pelo Banco de Portugal, devido à imposição de provisões excessivas e ao pânico causado pela forma como o supervisor geriu a sucessão].”
RICARDO SALGADO
O MISTÉRIO DA ESPÍRITO SANTO INTERNATIONAL (ESI)
“Tinha uma vida 100% dedicada à área financeira. Não tinha responsabilidades diretas sobre a execução das contas da ESI.”
RICARDO SALGADO
“A ESI [em cujas contas se terão ocultado 7 300 milhões de euros de dívida] era gerida pelo dr. Ricardo Salgado, pelo dr. José Castela, com a colaboração do dr. Machado da Cruz [o famoso contabilista].”
MANUEL FERNANDO ESPÍRITO SANTO SILVA
RISCO SISTÉMICO
“Não houve nunca nenhuma conversa com Ricardo Salgado sobre ameaça do banco. Essa conversa sobre a recapitalização nunca existiu.”
MARIA LUÍS ALBUQUERQUE, MINISTRA DAS FINANÇAS
“Em 31 de março, enderecei uma carta ao sr. governador do Banco de Portugal, apontando pela terceira vez o risco sistémico que derivaria de uma rutura desordenada na administração do banco. [.] Tal carta é também revelada ao senhor Presidente da República e ao Governo, na pessoa do senhor primeiro ministro, que a devolveu, e à senhora ministra das Finanças.
É igualmente comunicada ao senhor presidente da Comissão Europeia.”
RICARDO SALGADO
RECAPITALIZAÇÃO COM DINHEIROS PÚBLICOS
“[A 30 de Junho,] o Banco de Portugal garantiu que se o banco tivesse necessidades de capital, estaria disponível a linha de recapitalização da troika. Acreditei que a disponibilidade de linha de capitalização pública estava devidamente articulada entre Governo e Banco de Portugal.”
“O banco precisava de capital, questionei a ministra das Finanças quanto à possibilidade de uma solução semelhante à desenhada para o Banif [onde Estado injetou fundos públicos, através de ações e de um empréstimo].”
VÍTOR BENTO, PRESIDENTE DO BES DE JULHO A SETEMBRO
“Nunca foi apresentada ao Governo qualquer pedido de recapitalização do banco [.].
Não foi uma proposta, não foi um pedido, foi uma pergunta a que dei uma resposta [negativa].
(…) Vítor Bento não me veio pedir dinheiro.”